Banca de DEFESA: HELENA BENES MATOS DA SILVA

Uma banca de DEFESA de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : HELENA BENES MATOS DA SILVA
DATA : 18/06/2025
HORA: 14:00
LOCAL: sala multiuso do Cidacs (Parque Tecnológico, Edf. Tecnocentro, R. Mundo, 121 - Trobogy)
TÍTULO:

Determinantes maternos associados aos desfechos ao nascer e crescimento infantil. 


PALAVRAS-CHAVES:

estado nutricional materno, sífilis gestacional, desigualdade, desigualdade étnico-racial, desfechos adversos ao nascimento, crescimento infantil


PÁGINAS: 342
RESUMO:

Introdução: A gravidez é uma janela de desenvolvimento crítico na qual a nutrição e a saúde materna ideais são fundamentais para a gestação e o desenvolvimento infantil. As desigualdades sociais e em saúde afligem a saúde de grupos em situação de maior vulnerabilidade social. Um dos maiores desafios da literatura materno-infantil é ainda compreender como as exposições maternas adversas influenciam nos desfechos ao nascer e crescimento infantil, em particular entre populações pobres e em extrema pobreza de países de baixa e média renda, como o Brasil. Assim, pretende-se com um conjunto de estudos que compõe esta tese investigar os determinantes maternos, incluindo aqui as inadequações no ganho de peso gestacional, a sífilis gestacional e raça/cor materna sobre os desfechos ao nascer e crescimento infantil. Objetivos: estes serão descritos de acordo com os estudos que compuseram esta tese. Est01: avaliar a distribuição do ganho de peso gestacional (GPG) de acordo com características socioeconômicas e demográficas e investigar a associação entre desvios do GPG e desfechos neonatais adversos (pequeno para a idade gestacional, grande para a idade gestacional e nascimento pré-termo) segundo as recomendações do Instituto de Medicina dos Estados Unidos e, recomendações Brasileiras. Est02: analisar a associação entre sífilis gestacional e baixo peso ao nascer (BPN), pequeno para a idade gestacional (PIG) e parto prematuro. Ademais, investigar esta associação de acordo com o título do teste não-treponêmico, o estado do tratamento materno e o papel do cuidado pré-natal, e Est03: investigar as trajetórias de crescimento infantil de acordo com o grupo étnico-racial materno. Métodos: Os três estudos que compõem essa tese empregam desenho, populações de estudo e metodologias diferentes e, deste modo, serão apresentadas as descrições de cada estudo separadamente. Est01: Trata-se de um estudo longitudinal usando os dados do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN), Sistema de Nascidos Vivos (SINASC) e a Coorte de 100 Milhões de Brasileiros (estruturada a partir do Cadastro Único) correspondente ao período de 2008 a 2015. Utilizamos análise descritiva para avaliar a distribuição da adequação do GPG de acordo com as características socioeconômicas e demográficas, e o modelo de regressão multinomial para verificar associação entre a adequação do ganho de peso gestacional por diferentes recomendações e desfechos ao nascimento (pequeno para idade gestacional, grande para idade gestacional e nascimento prematuro). Est02: Trata-se de um estudo longitudinal utilizando os dados do SINASC vinculados aos casos de sífilis gestacional do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) de 2011 a 2017. Utilizamos a regressão logística para avaliar a associação entre sífilis gestacional e desfechos ao nascimento (baixo peso ao nascer, pequeno para idade gestacional e nascimento prematuro). Est03: Trata se de um estudo de coorte de base populacional utilizando dados vinculados da Coorte de Nascimentos do CIDACS e do SISVAN. Crianças nascidas a termo, com idade igual ou inferior a cinco anos, que apresentavam duas ou mais medidas de comprimento/altura (cm) e peso (kg) foram acompanhadas entre 2008 e 2017. As trajetórias de crescimento infantil entre diferentes grupos étnico-raciais maternos (brancas, de ascendência asiática, negras, pardas e indígenas), foram estimadas com os modelos não-lineares de efeitos mistos utilizando as medidas brutas de peso (kg) e altura (cm) e medidas padronizadas (escore-z) de comprimento/altura para idade (A/I) e peso para idade (P/I). Resultados: Para o Est01 incluímos 139.934 gestantes que possuíam medidas antropométricas após a 27ª semana gestacional. Destas, 38,2%, 30,8% e 31,0% apresentaram GPG insuficiente, adequado e excessivo de acordo com as recomendações do Instituto de Medicina dos EUA (2009), respectivamente. Em contraste, ao utilizar as recomendações brasileiras, 27,0% tiveram ganho de peso insuficiente, 19,8% adequado e 53,2% excessivo. Maior frequência de GPG excessivo foi observada entre mulheres de raça/cor branca, residentes da região Sul e Sudeste, e com mais que 8 anos de estudo. Mulheres indígenas, com menos de 3 anos de estudo e das regiões Norte e Nordeste tiveram maior frequência para GPG insuficiente. O GPG insuficiente para ambas as recomendações foi associado significativamente com maiores chances para PIG em todas as categorias de índice de massa corporal (IMC) pré-gestacional. O GPG excessivo para ambas as recomendações aumentou as chances para nascimento grande para idade gestacional e nascimento pré-termo. Para o Est02, incluímos 17.930.817 nascidos vivos incluídos no estudo. Destes, 155.214 (8,7/1000) foram expostos à sífilis durante a gravidez. A sífilis materna aumentou as chances de baixo peso ao nascer (ORa 1,88, IC 95%: 1,85–1,91), pequeno para a idade gestacional (ORa 1,53, IC 95%: 1,51–1,56) e nascimento prematuro (ORa 1,35, IC 95%: 1,33–1,37). Maiores chances foram observadas para gestantes com título de VDRL (Venereal Disease Research Laboratory) ≥64 e sífilis materna não tratada quando comparadas às mães sem sífilis. A análise estratificada por assistência pré-natal mostrou maiores chances de todos os desfechos adversos no parto para mães que compareceram ≤6 consultas pré-natais. Para o Est03, foram incluídas 4.090.271 crianças. Filhos de mães indígenas apresentaram maiores taxas de baixa estatura (26,74%) e baixo peso (5,90%). Baixo peso para altura e baixo IMC para idade eram mais prevalentes entre filhos de mães pardas, asiáticas, negras e indígenas do que entre filhos de mães brancas. Os resultados obtidos a partir dos modelos de curva de crescimento ajustada indicam que as crianças nascidas de mães indígenas eram em média 3,3 cm (IC 95%: -3,36, -3,27) mais baixas do que suas contrapartes brancas. Da mesma forma, crianças nascidas de mães pardas (−0,60; IC 95%: −0,61; −0,59), negras (−0,21; IC 95%: −0,24, − 0,19) e de ascendência asiática (− 0,39; IC 95%: − 0,46, − 0,32) eram em média mais baixas do que as do grupo de mães brancas. Além disso, comparadas as crianças de mulheres brancas, as de indígenas (− 0,74; IC 95%: − 0,76, − 0,72), pardas (− 0,25; IC 95%: − 0,26, − 0,25), negras (− 0,15; IC 95%: −0,16, −0,14) e ascendência asiática (− 0,22; IC95%: - 0,24, - 0,19), eram em média, menos pesadas. Conclusão: Estes estudos são evidências cientificas robustas sobre a importância da adequação do pré-natal e tratamento da sífilis gestacional, da redução de inequidades étnico-raciais e adequado ganho de peso gestacional para garantir o desenvolvimento saudável da mãe e do bebê ao nascer e nos primeiros anos de vida. Estes achados podem colaborar para o aprimoramento de políticas públicas que visem a assistência a saúde destes públicos.


MEMBROS DA BANCA:
Interna - 287715 - RITA DE CASSIA RIBEIRO SILVA
Externo à Instituição - JORGE GUSTAVO VELASQUEZ MELENDEZ - UFMG
Externo à Instituição - MARCIA FURQUIM DE ALMEIDA - USP
Externa à Instituição - MARIA YURY TRAVASSOS ICHIHARA - Fiocruz-Ba
Externo à Instituição - MAURICIO LIMA BARRETO - Fiocruz-Ba
Notícia cadastrada em: 05/06/2025 13:39
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