OBESIDADE ABDOMINAL DINAPÊNICA E FATORES ASSOCIADOS EM PACIENTES COM
DOENÇA RENAL CRÔNICA NÃO DEPENDENTES DE DIÁLISE
Obesidade. Dinapenia. Força muscular. Doença renal crônica. Fatores de risco cardiovascular.
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Introdução: A obesidade e a dinapenia são condições associadas a maior risco cardiovascular, desfechos clínicos desfavoráveis e aumento da mortalidade. A coexistência dessas alterações define a obesidade abdominal dinapênica (OAD), uma condição que pode intensificar o impacto negativo sobre a saúde e agravar o prognóstico clínico. Evidências sugerem que o acúmulo simultâneo de gordura corporal e dinapenia pode estar relacionado à infiltração de tecido adiposo no músculo esquelético, promovendo redução da força muscular por meio de mecanismos endócrinos e inflamatórios. A OAD ainda é pouco investigada em subgrupos específicos e, até o momento, não foram identificados estudos que avaliem esse fenômeno em pacientes com doença renal crônica não dependentes de diálise (DRC-NDD).
Objetivo: Avaliar obesidade abdominal dinapênica e seus fatores associados em pacientes com doença renal crônica não dependentes de diálise em atendimento ambulatorial.
Método: Estudo transversal realizado com 102 pacientes adultos e idosos, de ambos os sexos, com doença renal crônica não dependente de diálise e clinicamente estáveis atendidos no ambulatório de nutrição em nefropatias de um hospital universitário na Bahia, região nordeste do Brasil. OAD foi definida como a coexistência de obesidade abdominal e dinapenia, sendo considerada obesidade abdominal valores de circunferência da cintura (CC) determinado pela organização mundial de saúde (OMS) e dinapenia quando a força de preensão manual foi menor que o primeiro tercil, de acordo com o sexo e idade, devido à ausência de pontos de corte específicos para a população estudada. Foram coletados e avaliados dados sociodemográficos, de estilo de vida, clínicos e nutricionais. Também foi avaliado risco cardiometabólico a partir da presença de síndrome metabólica, índice de massa corporal (IMC), composição corporal e alguns exames bioquímicos. A prevalência e a concordância do diagnóstico de OAD foi identificada de acordo com os diferentes pontos de corte de CC.
Resultados: Observou-se elevada prevalência de OAD entre os pacientes com DRC-NDD, associada ao tabagismo e à presença de diabetes mellitus A obesidade abdominal isolada (sem dinapenia) esteve associada ao maior IMC, enquanto a hiperfosfatemia se associou à presença de dinapenia isolada (sem obesidade abdominal). A prevalência de OAD variou entre 11% e 38,5%, dependendo do método utilizado. Houve concordância substancial entre os pontos de corte da CC definidos pelo tercil, NCEP, WHO97 e WHO95. Dentre os critérios avaliados, o da WHO (1997) apresentou boa concordância com os demais e resultou em uma prevalência intermediária da condição.
Conclusão: A OAD apresentou prevalência relevante em pacientes com DRC-NDD, estando associada ao tabagismo e à presença de diabetes mellitus. A análise dos componentes isolados indicou que a obesidade abdominal foi relacionada ao IMC, enquanto a dinapenia isolada foi associada à hiperfosfatemia. O critério da OMS (1997) para CC apresentou boa concordância com os demais métodos e prevalência intermediária da condição. Os achados ressaltam a importância da avaliação simultânea da composição corporal e da força muscular em pacientes com DRC-NDD, contribuindo para a identificação precoce de um fenótipo clínico de maior risco cardiometabólico.