Banca de DEFESA: JULIEDE DE ANDRADE ALVES

Uma banca de DEFESA de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : JULIEDE DE ANDRADE ALVES
DATA : 28/03/2023
HORA: 09:00
LOCAL: virtual
TÍTULO:

CORPOS, OBESIDADES E PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES EM SAÚDE: ETNOGRAFANDO MODOS DE CUIDADO EM UM CENTRO DE REFERÊNCIA DA REDE SUS


PALAVRAS-CHAVES:

Assistência Ambulatorial; Obesidade; Corpo; Acolhimento; Práticas Integrativas e Complementares; Cuidado em saúde; Estudo etnográfico.


PÁGINAS: 135
RESUMO:

Objetivo: Este estudo objetivou compreender de que modo as Práticas Integrativas e Complementares em Saúde atuam na produção do cuidado a pessoas com obesidade em um serviço de Atenção Ambulatorial Especializada, no qual há distintos espaços de cuidado, com diferentes racionalidades médicas e práticas terapêuticas. Metodologia: Trata-se de uma pesquisa etnográfica realizada entre janeiro e julho de 2019, realizada no Ambulatório de Obesidade, no Ambulatório de Obesidade da Residência Médica em Endocrinologia e no Ambulatório de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS), pertencentes a um serviço de Atenção Ambulatorial Especializada (AAE) a pessoas com obesidade, situado na cidade de Salvador, Bahia. O presente trabalho se configurou, primordialmente, em uma investigação etnográfica que faz interface com as Ciências Sociais em Saúde. A perspectiva da Teoria Ator-Rede (ANT) de Bruno Latour (2012), por considerar a agência de atores (humanos e não humanos) e de espaços, bem como as (inter)ações entre estes, subsidiou o processo de condução teórico-metodológico da pesquisa ao favorecer a observação, a descrição e as microanálises das tessituras dos processos de cuidado. Resultados e Discussão: Para fins desta tese, os resultados serão apresentados em formato de artigo e capítulos de livro, com exceção do Capítulo 1, o qual faz uma descrição do lócus de estudo, das suas estruturas, ambulatórios e equipes. O primeiro artigo, que explora a experiência de etnografar sobre o cuidado a pessoas com obesidade em um serviço de AAE, foi observado que no momento de encontro do meu corpo magro com corpos obesos, havia um (entre)corpo e é ele que entra em cena e se coloca como um desafio do processo, dado que a compreensão do próprio corpo, e consequentemente da obesidade, é também construída na relação com o outro. A minha presença, não somente do meu corpo, mas quem eu era e as insígnias carregadas por ele, afetariam o que eu observava; eu seria afetada pela agência de atores presentes no serviço de AAE; e os meus resultados seriam desfechos desses dois fatos. O segundo artigo buscou compreender como os distintos modos de acolhimento coletivo são coordenados na produção do cuidado a pessoas com obesidade a partir da experiência do Ambulatório de PICS e da experiência dos Ambulatórios de Obesidade. Observou-se que os acolhimentos ainda preservam uma dimensão técnica e instrumental voltada à recepção de novos usuários e de fornecer informações. Contudo, no Ambulatório de PICS, observou-se também a utilização de dispositivos outros como, por exemplo, a inclusão de usuários veteranos no acolhimento coletivo como protagonistas do acolhimento, produzindo assim um espaço de valorização de experiências singulares e do saber dos usuários que podem colaborar com o sentimento de pertencimento ao espaço e de construção coletiva do acolhimento. Notou-se haver produção de vínculo interpessoal como ação terapêutica e a valorização do elo família-usuário-equipe como fortalecedor das interrelação de saberes horizontalizados e de diferentes agências na produção do cuidado. No terceiro artigo propôs-se refletir sobre o lugar do peso corporal na produção do cuidado com vistas a buscar novas estratégias de cuidado a pessoas com obesidade, confrontando experiências nos distintos ambulatórios estudados. A proposição de criar versões e formas de tecer o cuidado a pessoas com obesidade emerge do entendimento de que não é só o peso que importa. Neste sentido, a alusão ao “caminho do meio” pareceu ser uma estratégia desvelada quando se trata de provocar deslocamentos nos modos de cuidado em busca de estratégias que não considerem a redução do peso corporal como a única via para o alcance da saúde, que não estigmatizem os corpos e que não promovam olhares inquisidores sobre eles. Seguindo esta linha reflexiva, a mediação do peso corporal pelos profissionais de saúde deve primar as singularidades, as contextualidades e os marcadores interseccionais que delineiam os viventes. Complementarmente, há também um quarto artigo, uma revisão sistemática e metanálise, que foi impulsionando para perscrutar o “estado da arte” dos estudos sobre as PICS, obesidade qualidade de vida, o qual evidenciou que as diferenças médias globais dos estudos que 7 avaliaram o efeito da acupuntura nas dimensões física, social e ambiental da qualidade de vida não identificaram associação estatisticamente significativa. Considerações finais: Destaca-se que a redistribuição de forças, ao possibilitar que usuários veteranos compartilhem suas experiências com as PICS, presente nos acolhimentos coletivos promovidos pelo ambulatório de PICS, torna o ato um espaço potente para o diálogo e para a construção coletiva de afetos. Considera-se o acolhimento coletivo como uma potente reivindicação que pode colaborar com o enfrentamento das dificuldades em lidar com o corpo gordo e atuar na contraposição do preconceito e do estigma do corpo gordo no âmbito médico e familiar. No que concerne às abordagens sobre o cuidado a pessoas com obesidade, independente das racionalidades médicas e das práticas terapêuticas, o caminho do meio parece ser uma perspectiva promissora quando se trata de provocar deslocamentos nos modos de cuidado. Por fim, ao tentar compreender de que modo as PICS atuam na produção do cuidado, foi possível perceber que, embora de modo secundarizado, as PICS revelaram-se como uma potência na ampliação de práticas de cuidado a pessoas com obesidade, por se proporem a compreender e considerar que as subjetividades fazem parte da realidade e que, portanto, as experiências singulares e o entendimento da pluralidade de atuação das pessoas com obesidade no mundo, são importantes na construção de estratégias conjuntas que buscam a potência da existência do outro e que, mesmo considerando o peso corporal, se propõe-se a ir além dele, mobilizando a busca pelo cuidado integral à saúde.


MEMBROS DA BANCA:
Presidente - 1095648 - LIGIA AMPARO DA SILVA SANTOS
Interna - 3273558 - PRISCILA DE MORAIS SATO
Externa ao Programa - 2200041 - ANAMELIA LINS E SILVA FRANCO - UFBAExterno à Instituição - NELSON FILICE DE BARROS
Externo à Instituição - MARIA CLARA DE MORAES PRATA GASPAR
Notícia cadastrada em: 24/03/2023 16:25
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