alforrias; maternidade; paternidade; Salvador; século XVIII.

A partir da análise das justificativas apresentadas pelos (as) proprietários (as) escravistas quando da outorga das cartas de liberdade na Cidade da Bahia (Salvador), em meados do século XVIII, destaco o protagonismo materno na conquista da liberdade legal dos meninos e meninas escravizados (as). Esta pesquisa se debruça sobre os anos de 1751 a 1766 objetivando preencher a lacuna deixada pelos historiadores Stuart Schwartz, que analisou as manumissões no período 1684-1745, e Kátia Mattoso, que investigou as investigou no período 1779-1850. Um dos intuitos foi transcender a abordagem puramente quantitativa das cartas de alforria e fazer uma interpretação social das mulheres escravizadas e libertas, considerando seu perfil, suas lutas pela conquista da liberdade legal e suas experiências enquanto mães de crianças cativas. Para a realização deste trabalho foi desenvolvida uma ampla pesquisa em fontes diversificadas, como as 1026 cartas de liberdade contidas em 14 livros de notas do tabelião de Salvador, testamentos e inventários post mortem,; livros de batismo da freguesia de Nossa Senhora da Penha de Itapagipe, N. S. da Conceição da Praia, N. S. do Pilar e freguesia da Sé, além de livros de registro de casamento e de óbito da freguesia da Penha, livros de petições, patentes e alvarás, censos demográficos, escrituras de venda e quitação contida nos livros de notas do tabelião de Salvador, dentre outras fontes. A constatação do protagonismo feminino na conquista das cartas de alforria das crianças nascidas em cativeiro me possibilitou ainda visualizar paternidades invisibilizadas de homens de origem africana, afrodescendentes, e sem classificação de cor/origem, fossem escravizados, libertos ou livres. Assim, outra novidade desta tese é analisar a atuação dos pais na conquista da liberdade de crianças escravizadas, e outras experiências de paternidade no contexto da escravidão e da liberdade.