Avaliação do efeito imunomodulador da metformina na infecção por
Leishmania braziliensis.
Metformina. Leishmaniose cutânea. Diabetes. Imunomodulação
INTRODUÇÃO: Diabetes é classificada como um fator de risco para doenças infecciosas e
endêmicas, em países tropicais. O aumento da incidência na gravidade das manifestações clínicas
em pacientes com doenças metabólicas, como a DM2, ocorre devido a inflamação crônica induzida
pelo aumento dos níveis plasmáticos de glicose e lipídios exógenos. Portanto, infecções cutâneas
causadas por patógenos, no Brasil, como L. braziliensis (L.b), causador da leishmaniose cutânea
(LC), representam um modelo proposto para avaliar o efeito da associação entre DM, uso da
metformina, fármaco hipoglicemiante de primeira escolha para o tratamento hipoglicemiante da
DM e mais amplamente utilizado no Sistema Único de Saúde (SUS), e suas interferências na
resposta imune in situ e sistêmica do hospedeiro contra o protozoário. Tendo em vista, os efeitos
adicionais da metformina (MET) pela capacidade moduladora na resposta imunológica inata e
adaptativa do hospedeiro. OBJETIVO: Avaliar o efeito imunomodulador da metformina em
modelo experimental de infecção por L.b e em pacientes diabéticos. MATERIAL E MÉTODOS:
Trata-se de um estudo de caso-controle, amostra de conveniência, de caráter investigativo e
descritivo em pacientes com LC com e sem DM. Adicionalmente, um estudo experimental de
infecção com L.b e tratamento com MET in vivo em camundongos BALB/c e in vitro em
macrófagos Raw 264.7. RESULTADOS: Pacientes com DM desenvolvem LC atípica, com menor
frequência de necrose e diminuição do número de células T CD8+, nas lesões. MET no modelo
experimental in vivo induziu diminuição de TNF-α e IL-12p70 séricos, interferiu na cinética da
lesão e esteve associado a aumento da carga parasitária no local da inoculação e nos linfonodos
ipsilaterais. In vitro, em macrófagos tratados com MET, foi observado redução da proliferação
celular e não houve interferência na viabilidade celular. Diminutas concentrações de MET no
cultivo de L.b permite a manutenção da fase estacionária de crescimento. Na infecção in vitro por
L.b e células tratadas com MET, observou-se aumento do número de macrófagos infectados e da
carga parasitária. MET e infecção por L.b isoladamente promove a produção de EROs intracelular,
contudo os níveis de EROs são reduzidos em macrófagos tratados com MET e submetidos a
infecção com L.b. CONCLUSÃO: DM e MET podem interferir no fenotípico das lesões cutâneas
através da modulação no infiltrado celular no local da inflamação, assim como, na extensão e
frequência da necrose na LC em pacientes diabéticos. De forma sistêmica, o tratamento
experimental com MET foi capaz de reduzir os níveis de citocinas indutoras de uma resposta Th1,
descrita como protetora para o controle parasitário, como também e interferir na cinética da
ulceração cutânea e causando aumento da carga parasitária. As evidenciais experimentais foram
comprovadas em ensaios de cultivo celular nos quais a MET aumentou a carga parasitária, alterou
a produção de EROs e modulou a proliferação celular. Diante dessas evidências conclui-se que o
uso de MET piora a evolução da leishmaniose cutânea e o uso em diabéticos em regiões endêmicas
para LC deve ser avaliado.