FATORES DE RISCO CARDIOVASCULAR MODIFICÁVEIS EM PACIENTES COM ATEROSCLEROSE DE OITO CIDADES DO NORDESTE DO BRASIL
doenças cardiovasculares, obesidade abdominal, fatores de risco cardiovascular, prevenção secundária, consumo alimentar, dinamômetro, força muscular.
Introdução: apesar do amplo conhecimento sobre a importância da prevenção cardiovascular secundária, elevada parcela de indivíduos não atinge as metas terapêuticas preconizadas. Objetivo: identificar a adequação alimentar de indivíduos cardiopatas da região Nordeste do país, segundo as recomendações da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). Metodologia: estudo transversal com portadores de doença cardiovascular (DCV), idade ≥45 anos, atendidos em ambulatórios especializados em saúde cardiovascular de oito estados do Nordeste do Brasil. Foram avaliados indicadores de obesidade abdominal e os componentes da síndrome metabólica (SM), segundo os critérios da National Cholesterol Education Program’s Adult Treatment Panel III (NCEP ATP III) e do Joint Interim Statement (JIS). Em uma amostra referente ao centro da Bahia, foi realizada avaliação da força muscular relativa (FMR). O consumo alimentar foi obtido por recordatório alimentar de 24 horas. Avaliou-se a adequação alimentar, conforme a SBC. A amostra foi estratificada em dois grupos de acordo com a presença de diabetes mellitus (DM) identificando os fatores associados ao DM. A análise estatística incluiu estatística descritiva e os testes T de Student, Mann Whitney e quiquadrado para comparação dos grupos. Foram significantes valores de p<0,05. Resultados: foram avaliados 647 indivíduos com média (desvio padrão) de idade de 63,1 (9,3) anos, sendo 50,5% do sexo feminino e 40,3% diabéticos. Na avaliação da ingestão alimentar, observou-se baixa adequação do consumo de carboidratos (54,8%), proteínas (27,8%), lipídios (40,0%), ácidos graxos saturados (40,8%) e fibras (22,4%). Quando comparados os grupos com e sem DM, o primeiro apresentou maior percentual de obesidade (38,5% vs. 23,2%, p<0,001), circunferência da cintura elevada (84,8% vs. 71,9%; p<0,001); maior razão cintura estatura [0,6 (0,6-0,7) vs. 0,6 (0,5-0,6); p<0,001], índice de conicidade [1,35 (1,29-1,39) vs. 1,32 (1,27-1,38); p=0,004] e prevalência de SM, tanto pelos critérios do NCEP ATPIII (98,8% vs 80,4%; p<0,001), quanto pelos do JIS (99,2% vs 89,3%; p<0,001). O componente de maior frequência foi a pressão arterial elevada e/ou hipertensão (95,0%), seguida da hipertrigliceridemia (93,0%). Além disso, foi observado que 65,2% daqueles com fraqueza muscular eram idosos. Os homens apresentaram medida superior de FMR [1,30 (1,15-1,52) vs. 0,68 (0,53-0,87), p<0,001] e os diabéticos apresentaram menores valores [0,8 (0,6-1,2) vs 1,1 (0,7-1,4); p = 0,034] quando comparados aos não diabéticos. No grupo do terceiro tercil observou-se maior prevalência de mulheres (6,3% vs. 93,8% vs. 6,3%; p<0,001), maior reserva de tecido adiposo subcutâneo em idosos [13,5 (8,8-16,5) vs. 20,0 (14,0-23,0) vs. 23,0 (20,0-28,0) mm; p<0,001] e em adultos [42,0 (30,5-52,0) vs. 58,0 (38,0-67,0) vs. 64,0 (49,0- 74,0) mm; p= 0,035], menor consumo calórico [23,8 (20,2-29,7) vs. 19,7 (15,2-25,0) vs. 16,3 (13,7-20,0) kcal/kgP; p<0,001] e proteico [1,0 (0,8-1,4) vs. 0,8 (0,6-1,2) vs. 0,8 (0,6-1,0) g/kgP; p= 0,025]. Conclusão: os indivíduos ingeriam dieta pobre em fibras e de baixa qualidade nutricional, rica em gordura saturada. Além disso, observou-se que os indivíduos diabéticos apresentaram elevada prevalência de SM e mais obesidade abdominal do que os não diabéticos, tudo isso predispondo à ocorrência de outros desfechos cardiovasculares. Além do mais, demonstrou-se que a fraqueza muscular foi predominante encontrada em idosos, mulheres e diabéticos.