PETROGRAFIA, LITOQUÍMICA E GEOGRONOLOGIA DO COMPLEXO GNÁISSICO-MIGMATÍTICO DO CINTURÃO SALVADOR-ESPLANADA-BOQUIM
Cinturão Salvador-Esplanada-Boquim; Petrografia; Litoquímica; Geocronologia
O Cinturão Salvador-Esplanada-Boquim (CSEB) se localiza na porção nordeste do Cráton do São Francisco, nos estados da Bahia e Sergipe, apresentando duas faixas litológicas de rochas metamórficas, denominadas Complexo Gnáissico-Migmatítico (CGM) e Complexo Granulítico Esplanada-Boquim. O presente trabalho se restringiu aos estudos de campo, petrográficos, litoquímicos e geocronológicos do CGM. Macroscopicamente, este complexo apresenta-se bastante migmatizado, com predominância do processo na sua porção ocidental. O estudo petrográfico permitiu classificar as rochas como graníticas a granodioríticas e, subordinadamente, tonalíticas. Litoquimicamente subdividiu-se as rochas em sódicas, potássicas e intermediárias, em virtude da alcalinidade das mesmas, sendo caracterizadas como peraluminosas a metaluminosas. Análises dos elementos traço, terras raras e as razões Eu/Eu* permitiram interpretar a ocorrência de processos metassomáticos, a partir de fusão crustal de natureza cálcio-alcalina. Foram realizadas oito análises geocronológicas U-Pb (LA-ICP-MS) em zircões das rochas do CGM, sendo seis nas encaixantes e duas em diques graníticos. Os dados obtidos permitiram concluir que as rochas do CGM se formaram entre 2150 ± 19 – 2188 ± 30 Ma, enquanto que os diques tiveram a sua cristalização concomitante ao processo de metamorfismo regional, em 2073 Ma aproximadamente. Esses eventos metamórficos são interpretados como produtos da colisão com o Bloco Serrinha, gerando deformação, compressão e soerguimento dessas rochas, configurando as zonas de falhas de empurrão e cisalhamento regionais, presentes neste cinturão. Posteriormente erodidas, exumou-se as raízes granulíticas do CSEB, estabilizando da forma como se encontra atualmente, com as rochas do CGM, situando-se a leste e oeste do Complexo Granulítico Esplanada-Boquim.