CARACTERIZAÇÃO DOS TEMPOS DE ATRASO NA SINCRONIZAÇÃO DAS REDES FUNCIONAIS CEREBRAIS
Rede Funcional Cerebral. Redes Funcionais Dinâmicas. Tempo de atraso. TVG. REA. EEG
Uma das maneiras de estudar o cérebro é através das redes complexas, pois como vários sistemas da natureza, ele também é considerado um sistema complexo. As redes funcionais cerebrais (RFC) caracterizam o cérebro levando em conta a sua funcionalidade ao obter a relação entre seus diferentes elementos através de medidas da atividade cerebral. A maioria dos trabalhos sobre RFC encontrados na literatura apresentam uma abordagem estática, sem considerar a dinâmica cerebral. Outro problema ao estudar o cerebro é a construção de redes funcionais que utilizam métodos de sincronização que não levam em conta uma possível defasagem nas sincronizações, pois devido à própria fisiologia do cérebro, pode haver um atraso nas sincronizações e se consideramos só as sincronizações que estão em fase, estaríamos perdendo informação. Rosário e colaboradores (2015), propôs um método de sincronização chamado de Sincronização por Motifs (SM), onde é possível obter a sincronização de séries temporais para diferentes defasagens. Desta forma o método estima a defasagem ocorrida para a sincronização máxima entre dois eletrodos, o que chamamos de tempo de atraso (TA). O objetivo desse trabalho é explorar as diferentes características desse índice em sujeitos hígidos em condições basais, de forma a utilizá-lo como um novo índice na caracterização das redes funcionais cerebrais. Para tal, comparamos o TA em redes funcionais cerebrais de diferentes indivíduos simulando diferente condições experimentais e explorando três hipóteses: a existência de um tempo de atraso característico para a amostra estudada ou para diferentes regiões cerebrais; a dependência do TA com a distância entre eletrodos. Além dessas análises, utilizamos o TA para avaliar a influência do volume de condução nas Redes Funcionais Cerebrais. Os resultados mostram que existe uma relação monótona crescente entre a distância e o tempo de atraso. Não foi visto nenhum tempo de atraso característico para cada região cerebral. Há evidências de que o volume de condução influência nas sincronizações de eletrodos mais próximos. Alguns indivíduos apresentam uma influência maior do volume de condução em regiões mais distantes do cérebro. A investigação do padrão da distribuição de tempos de atraso, mostrou que a sincronização entre eletrodos mais distantes tem pouca influência do efeito do volume de condução ao compararmos com as sincronizações de eletrodos mais próximos e que essas sincronizações distantes exibem TA característicos de 9 e 24 ms. A análise feita da distribuição de TA, para eletrodos distantes das mesmas regiões cerebrais, mostrou que as arestas apresentaram tempos de atraso menores comparado à distribuição de TA para eletrodos distantes de áreas diferentes. Verificamos que o padrão da distribuição de TA de pares de eletrodos intra e inter-hemisféricos são iguais. Os diferentes resultados mostraram que os tempos de atraso entre 0 e 1 ms são predominantemente devido ao volume de condução e que existem tempos característicos que dependem das regiões analisadas. Os resultados mostraram a importância da utilização de métodos de sincronização que considerem a defasagem nas sincronizações, uma vez que permitem obter uma filtragem dos tempos de atraso mínimo, reduzindo com isso o efeito do volume de condução nas redes de sincronização.