Comportamento Crítico do Modelo Estocástico SIRI em Redes Regulares e Complexas
Modelos epidêmicos, dinâmica populacional, dinâmica estocástica, tran-
sições de fase, reinfecção, contágio social.
O estudo dos processos de contágio para compreender a propagação de doenças trans-
missíveis ou o surgimento de estados sociais coletivos, em redes regulares e complexas,
tem recebido uma grande atenção da comunidade científica devido a sua capacidade de
representar problemas reais em diversas áreas do conhecimento, tais como ciência da com-
putação, sociologia, medicina, física, matemática, entre outras. Neste contexto, utilizamos
o modelo estocástico SIRI (Suscetível-Infectado-Recuperado-Infectado) para descrevermos
a dinâmica de sistemas mais complexos dos que são abordados pelos modelos clássicos SIS
(Suscetível-Infectado-Suscetível) ou SIR (Suscetível-Infectado-Recuperado), de modo que
seja possível um indivíduo recuperado ter uma infecção secundária, com taxa diferente
da primeira infecção, devido à presença de vizinhos ativos (infectados). Este efeito, o da
reinfecção, é relevante para entendermos a propagação de muitas doenças transmissíveis,
como a tuberculose e a hepatite viral. Tipicamente a segunda infecção ou posteriores rein-
fecções possui uma menor probabilidade de acontecer do que a primária. No contexto de
compreender o comportamento social, o oposto acontece, quando o objetivo é propagar
uma ideia, inovação ou produto, visto que se espera que a segunda interação seja mais
provável do que a primeira. Tais casos podem ser entendidos através de uma versão es-
tocástica do modelo SIRI, considerando três estados por sítio da rede, definidos como:
Suscetível (Ignorante), Infectado (Espalhador) e Recuperado (Inativo). As regras dinâ-
micas entre os estados são dadas por: S + I → 2I com taxa de infecção λ; I → R com
taxa de recuperação γ; R + I → 2I com taxa de reinfecção λ
′ = σλ. Quando σ = 0, o
modelo estocástico SIR é recuperado; quando σ = 1, o modelo estocástico SIS é recupe-
rado. No âmbito da Dinâmica Estocástica estudamos os regimes do modelo SIRI através
de simulações computacionais, investigando as transições de fase para um estado absor-
vente e obtendo os expoentes críticos. De acordo com aproximações de campo médio de
um sítio e de pares, a partir da equação mestra do modelo SIRI em um reticulado, para
σ < 1 (cenário relevante para doenças de transmissão direta) há transição de fase entre
os estados endêmicos e epidêmicos. Para σ < 1, as simulações de Monte Carlo também
exibem transição de fase de segunda ordem entre fases endêmicas e epidêmicas no caso de
uma rede regular, revelando que o modelo SIRI está na mesma classe de universalidade
de percolação direcionada. Observamos que o regime transiente do modelo SIRI é mais
complexo, pois podemos ter um pico epidêmico (SIR) e a seguir a propagação da infecção
alcançar a fase endêmica (SIS), mantendo a atividade do sistema no regime estacionário.
Para σ > 1, em uma rede aleatória, mostramos que, quando a infecção primária tem uma
taxa de infecção menor que a secundária, uma situação típica em muitos processos de
contágio social, a transição de fase epidêmica para a endêmica passa de 2a ordem para 1a ordem.