MEDIDAS DE RESILIÊNCIA E OCORRÊNCIA DE PROBLEMAS COMPORTAMENTAIS EM ADOLESCENTES DE UMA AMOSTRA COMUNITÁRIA EM SALVADOR-BA
Resiliência psicológica; Saúde mental; Adolescência, Análise de Classe Latente; Fatores psicossociais.
Embora as relações entre resiliência e saúde mental tenham sido amplamente discutidas nas últimas décadas, existem lacunas no conhecimento produzido sobre aspectos metodológicos utilizados em estudos epidemiológicos, acrescentando-se ainda restrita abordagem sobre adolescência, conferindo, portanto, relevância para esta temática. Iniciou-se este trabalho com uma revisão de literatura sobre tipos de medidas e principais achados de estudos epidemiológicos que utilizaram a Escala de Resiliência (ER), instrumento confiável e validado em diversos países inclusive no Brasil, sendo considerado o mais apropriado para estudos com adolescentes. Várias medidas têm sido utilizadas para avaliação deste construto, incluindo medidas quantitativas obtidas pela soma total das respostas da escala e medidas qualitativas com adoção classificações cujos critérios para escolha não foram bem estabelecidos e assim podem ser considerados arbitrários. Mesmo assim os achados evidenciaram efeitos de proteção exercidos pela resiliência perante o processo saúde-doença em diversas populações expostas a situações adversas, incluindo os adolescentes. Seguiu-se a investigação realizando um estudo com a finalidade de identificar critérios mais seguros para classificar os escores da ER e assim distinguir sub-grupos de indivíduos segundo níveis de resiliência em uma amostra comunitária de 1015 adolescentes, empregando-se a análise de classe latente (LCA, em inglês). Através desta análise foram encontrados modelos constituídos por três classes definidas como alta, média e baixa para as duas dimensões denominadas competência pessoal e aceitação de si e da vida. Tais modelos de LCA foram avaliados pelos critérios de bondade de ajustamento e a avaliação da associação com problemas comportamentais apresentou significância estatística apenas para a dimensão aceitação de si e da vida. Por fim, utilizou-se esta classificação obtida pela LCA para analisar o papel da resiliência na relação entre saúde mental materna e ocorrência de problemas comportamentais entre adolescentes em um delineamento transversal. Encontrou-se que, tanto a saúde mental materna como a dimensão de resiliência aceitação de si e da vida influenciaram a ocorrência de problemas comportamentais na adolescência em direções opostas, risco e proteção respectivamente. Contudo, não foi encontrada modificação de efeito da resiliência com a saúde mental materna sobre a ocorrência dos problemas comportamentais nos adolescentes. Assim, a classificação dos sujeitos segundo nível de resiliência através da LCA e o efeito protetor da resiliência sobre a saúde mental do adolescente num contexto de adversidade encontrados neste estudo constitui contribuição relevante para o conhecimento epidemiológico, que pode nortear futuras pesquisas nesta temática que apresenta escassez de estudos principalmente na adolescência.