Banca de DEFESA: FABIANE SOARES GOMES

Uma banca de DEFESA de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : FABIANE SOARES GOMES
DATA : 30/01/2023
HORA: 14:00
LOCAL: Auditório
TÍTULO:

Aceitabilidade e início do uso da profilaxia pré-exposição ao HIV em populações-chave para epidemia de HIV/AIDS


PALAVRAS-CHAVES:

Profilaxia pré-exposição ao HIV; Aceitabilidade da PrEP; Iniciação do uso da PrEP; PrEP Uptake; Populações-chave para o HIV; Homens que fazem sexo com homens; Travestis; Mulheres trans; Adolescentes.


PÁGINAS: 240
RESUMO:

Introdução: A epidemia de HIV é um problema de saúde pública no Brasil e no mundo. Entretanto, está concentrada em alguns grupos populacionais, como homens que fazem sexo com homens (HSH), travestis e mulheres transexuais (TrMT), além de outros, chamados de populações-chave para a epidemia. A profilaxia pré-exposição ao HIV (PrEP) é uma importante tecnologia de prevenção do HIV, indicada para pessoas com risco acrescido para o HIV e, no Brasil, se insere no leque de opções de estratégias de prevenção combinada. A aceitabilidade e o início do uso desta tecnologia diferem segundo populações e faixa etária, assim como seus fatores associados. E o conhecimento das etapas para uso da PrEP entre populações-chave no contexto brasileiro é limitado. Objetivo geral: Estudar a aceitabilidade e a iniciação do uso da PrEP entre populações-chave da epidemia do HIV no Brasil. Objetivos específicos: (1) Analisar a associação entre autopercepção de risco de infecção pelo HIV e a aceitabilidade da PrEP oral diária entre HSH em doze capitais brasileiras; (2) Analisar os perfis sociodemográficos e comportamentais de adolescentes HSH e TrMT quanto à iniciação do uso da PrEP em três capitais brasileiras; (3) Descrever o processo de iniciação do uso da PrEP e analisar seus preditores entre adolescentes HSH e TrMT em três capitais brasileiras. Métodos: Essa tese utilizou e analisou dados de dois estudos, e organizou os resultados em três artigos, segundo cada objetivo específico. (1) No primeiro artigo foi estimada a associação entre autopercepção de risco para HIV e aceitabilidade da PrEP oral diária entre HSH brasileiros. A base de dados foi de um inquérito sociocomportamental e biológico com a técnica amostral Respondent Driven Sampling (RDS), e recrutou-se 4.176 HSH com 18 anos ou mais em 12 cidades brasileiras, em 2016. Os resultados foram ponderados pelo estimador de Gile para estudos de RDS. Foram estimados odds ratios ajustados (ORa) com intervalos de confiança de 95% (IC 95%) por meio de modelos de regressão logística. (2) No segundo artigo a base de dados foi da pesquisa PrEP1519, estudo de coorte demonstrativo da efetividade da PrEP entre adolescentes HSH e TrMT (aHSH) e (aTrMT), de 15 a 19 anos, conduzido em São Paulo, Salvador e Belo Horizonte. Nesta análise, foram utilizados os dados dos participantes inscritos na coorte entre fevereiro/2019 e agosto/2021, entretanto observamos estes participantes até fevereiro de 2022 para analisar a iniciação de PrEP ao longo do período de seguimento. Os adolescentes que procuraram os serviços de PrEP foram classificados em quatro grupos, de acordo com a elegibilidade de PrEP (i.e., elegível ou não elegível), e a decisão de uso de PrEP (i.e., iniciou, não iniciou): i) participante sem indicação de uso da PrEP, não elegível; ii) elegível e iniciou o uso da PrEP na primeira consulta; iii) elegível e iniciou o uso da PrEP após a primeira consulta; e iv) com indicação de uso da PrEP, mas não iniciou o uso da PrEP. Os grupos foram descritos e comparados em relação às características sociodemográficas e comportamentais usando testes de  2 e Exato de Fisher. As análises foram realizadas no software R v.4.1.0, considerando um nível de significância estatística de 5%. (3) No terceiro artigo foram usados os dados da linha de base da coorte PrEP1519 dos participantes inscritos no estudo entre fevereiro/2019 e fevereiro/2021. Foi aplicado um questionário sociocomportamental na primeira visita aos serviços de PrEP. Foram descritas as proporções de intenção de uso, da elegibilidade ao uso da PrEP, e do início de uso da PrEP. Foi estimada razão de prevalência ajustada (RPa) e IC 95% da associação entre fatores sociocomportamentais e demográficos e início de uso da PrEP, estratificado por faixa etária (15 a 17 anos; 18 e 19 anos), utilizando modelos de regressão logística. Resultados referentes ao primeiro objetivo: A aceitabilidade da PrEP oral diária foi elevada (69,7%) entre os 3.544 HSH que responderam ao questionário. A maioria dos participantes relatou baixo ou moderado risco de infecção pelo HIV (67,2%) e uma pequena proporção (9,3%) relatou alto risco. Foi observada uma relação dose-resposta entre a aceitabilidade da PrEP e o risco autopercebido: a aceitabilidade da PrEP foi 1,88 vezes maior (OR 1,80; IC 95%: 1,24–2,85) entre HSH cujo risco percebido de infecção pelo HIV foi baixo ou moderado, e 5 vezes maior (OR 5,68; IC 95%: 2,54–12,73) entre aqueles que relataram alto risco em comparação com os HSH que relataram não ter risco de infecção pelo HIV. Resultados referentes ao segundo objetivo: Dos 1.254 adolescentes que chegaram aos serviços do estudo PrEP1519, 61 (4,9%) não tinham indicação de usar PrEP, por contraindicação clínica (37,7%) ou uma avaliação que indicasse baixo risco ao HIV (62,3%). Dos 1.193 elegíveis para PrEP, 1.113 (93,3%) iniciaram a PrEP e 80 (6,7%) não iniciaram. Dos 1.113 que iniciaram o uso da PrEP, 87,3% realizaram no mesmo dia e 12,7% em um momento posterior. Destes que iniciaram o uso da PrEP ao longo do seguimento, 50,0% começaram a usar PrEP nos primeiros 42 dias após o primeiro atendimento. Os adolescentes que iniciaram o uso da PrEP relataram alto risco de infecção pelo HIV. Resultados referentes ao terceiro objetivo: Entre os participantes recrutados, 174 (19,2%) tinham de 15 a 17 anos e 734 (80,8%) de 18 a 19 anos. A proporção de início de uso da PrEP foi de 78,2% e 77,4% para 15-17 anos e 18-19 anos, respectivamente. Os fatores associados ao início de uso da PrEP foram: ser preto ou pardo (RPa 2,31; IC 95%: 1,10 - 4,84) entre os adolescentes mais jovens de 15 a 17 anos; ter sofrido violência e/ou discriminação devido sua orientação sexual e/ou identidade de gênero (RPa 1,21; IC 95%: 1,01 - 1,46); ter recebido dinheiro ou favores em troca de sexo (RPa 1,32; IC 95%: 1,04 - 1,68); e ter tido de 2 a 5 parcerias sexuais nos últimos três meses (RPa 1,39; IC 95%: 1,15 - 1,68) entre os 18-19 anos. A relação anal receptiva desprotegida nos últimos 6 meses foi associada ao início de uso da PrEP em ambas as faixas etárias (RPa 1,98; IC 95%: 1,02 - 3,85 e RPa 1,45; IC 95%: 1,19 - 1,76 entre 15-17 anos e 18-19 anos, respectivamente). Conclusões: A PrEP é uma medida efetiva de prevenção do HIV para adultos e adolescentes de populações-chave no Brasil e no mundo. A percepção do risco de infecção pelo HIV desempenha um papel importante na aceitabilidade da PrEP. Para expandir o acesso da PrEP entre populações vulneráveis, os programas de PrEP devem estar organizados e os profissionais de saúde preparados para identificar populações em contexto de vulnerabilidade com indicação de uso da profilaxia, de modo a orientá-las quanto aos seus riscos de infecção ao HIV e a necessidade do uso de métodos preventivos, sendo a PrEP uma dessas opções.


MEMBROS DA BANCA:
Externa à Instituição - MARIA AMÉLIA DE SOUSA MASCENA VERAS
Interna - 1103090 - DANDARA DE OLIVEIRA RAMOS
Interno - ***.958.265-** - LAIO MAGNO SANTOS DE SOUSA - UNEB
Externa à Instituição - LILIAN FATIMA BARBOSA MARINHO - UNEB
Interno - 1217741 - MARCOS PEREIRA SANTOS
Presidente - ***.340.735-** - MARIA INES COSTA DOURADO - UFBA
Notícia cadastrada em: 26/01/2023 13:21
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