EFETIVIDADE E SEGURANÇA DA INDUÇÃO COM ANTRACICLÍNICA E CITARABINA EM PACIENTES COM LEUCEMIA MIELOIDE AGUDA: ESTUDO RESTROSPECTIVO EM UNIDADE PÚBLICA DE SALVADOR/BAHIA
Leucemia Mieloide Aguda; 7+3; sobrevida global, sobrevida livre de progressão
A leucemia mieloide aguda (LMA) é uma leucemia heterogênea agressiva com prognóstico ruim. O regime padrão de indução para remissão em pacientes clinicamente elegíveis com LMA consiste na combinação quimioterápica de citarabina e uma antraciclina (terapia “7+3”). O Brasil é um país emergente com diferenças no clima, heterogeneidade étnica e fatores socioeconômicos. O objetivo deste trabalho foi avaliar a efetividade (elegíveis para o próximo tratamento pós indução, a sobrevida global e a sobrevida livre de progressão) e segurança (mortalidade precoce) de citarabina e antraciclina (regime “7 + 3”) em um serviço de saúde público em Salvador, Brasil. Os subgrupos analisados foram de acordo com as mutações FTL3 e NPM1, os leucócitos (>10.000 ou <10.000) no momento do diagnótico, as plaquetas (>20.000 ou <20.000) no momento do diagnóstico, além de transplantados ou não transplantados. Foi uma análise retrospectiva de todos os casos de LMA não promielocítica diagnosticados entre 2018 e 2022 no Hospital Universitário Professor Edgar Santos da Universidade Federal da Bahia, após aprovação pelo Comitê de Ética do hospital. Os métodos de Kaplan-Meier foram usados para determinar a mediana do tempo para sobrevida global (OS) e sobrevida livre de progressão (PFS). Um total de 45 pacientes foram analisados. A idade média no momento do diagnóstico foi de 43 anos (16-69 anos), com 62% do sexo feminino. Havia 17.8% e 13.3% de pacientes com mutações FLT3-ITD e NPM1, respectivamente. Exame incomum no Sistema Único de Saúde, 14 (31%) pacientes realizaram exame de cariótipo (85% com cariótipo normal). Em relação à eficácia, 52% dos pacientes eram elegíveis para a próxima terapia após a remissão completa. Os pacientes refratários representaram 20%. A mortalidade precoce (4 semanas) foi de 28%, sendo a infecção principal causa de morte. A mediana de SLP e OS foram 3,6 e 8,2 meses, respectivamente. Pacientes com mutação FLT3, plaquetas < 20.000 e leucócitos < 10.000 apresentaram desfechos desfavoráveis. Em pacientes transplantados, PFS e OS foram, respectivamente, 20 e 43 meses. O tempo médio de espera na regulação do HUPES foi de 12 dias. Os resultados deste trabalho foram consistentes com a literatura, ajustados para a população em questão. Mesmo com acesso a exames diagnósticos (incomum nos serviços públicos de saúde no Brasil), os pacientes não tiveram acesso a terapias alvo, sendo o esquema 7+3 o único tratamento para pacientes elegíveis. Alcançar a remissão completa, seguida da consolidação ainda é o melhor cenário em pacientes elegíveis, mas a melhoria do acesso ao diagnóstico e tratamento ainda é uma necessidade não atendida.