ALEGORISTAS CONTEMPORÂNEOS: IMAGENS DO PENSAMENTO NAS LÍRICAS DE MAYRANT GALLO E GONÇALO M. TAVARES
Alegoria; Poesia Lírica Contemporânea; Imagem do pensamento; Gonçalo M. Tavares; Mayrant Gallo
Os estudos de Walter Benjamin acerca da alegoria imprimiram uma nova noção acerca
dessa figura de pensamento. Primeiro, ao estudar o drama trágico do período barroco, o
filósofo distinguiu a alegoria do símbolo, enfatizando que a linguagem simbólica é imbuída
da ideia de significado pleno e eterno. A reabilitação da alegoria se deu pelo reconhecimento
de sua instabilidade de significados, e a profusão da temporalidade e da história.
Posteriormente, ao analisar a obra poética de Baudelaire, Benjamin conseguiu captar a
transitoriedade inerente à alegoria na temática da cidade e da modernidade, explorada pelo
poeta francês. Associada à ideia da alegoria, Benjamin ainda apresenta concepção sobre a
aura, a categoria do flâneur, a noção de fantasmagoria, de rastro, a experiência vivida de
choque e a melancolia. A alegoria deixa de ser vista como mero recurso estilístico para ser
encarada como forma de pensar. Na contemporaneidade, a aproximação temática com o
cotidiano e a narratividade presente nos poemas reabilitam novamente esse modo de pensar
por imagens. Propôs-se, então, nesta tese, utilizar a alegoria como procedimento para a leitura
da poesia contemporânea de Gonçalo M. Tavares e Mayrant Gallo, bem como analisar as
imagens que a alegoria evoca nessas poesias. Empreendeu-se, portanto, um estudo
comparado, buscando identificar pontos de convergência e distanciamento no que tange ao
uso da alegoria por esses poetas. Para isso, intentou-se observar a recorrência de certas
imagens dentro das temáticas da cidade, do tempo e da morte que denunciam esses poetas
como alegoristas.