A “LEI DE FERRO” DA HIERARQUIA CAPITALISTA: A ORGANIZAÇÃO IMPERIALISTA DO SISTEMA MUNDIAL AO LONGO DOS CICLOS DE ACUMULAÇÃO E O CONTRAEXEMPLO CHINÊS.
Ciclos de acumulação de capital, organização imperialista do sistema mundial; rigidez da hierarquia capitalista; capitalista da China na hierarquia capitalista, subsoberania estrutural
Esta é uma pesquisa teórica fundada no materialismo histórico cujo principal objetivo é apresentar os mecanismos da “lei de ferro da hierarquia capitalista” em uma perspectiva de longa duração. Partindo da teoria do valor de Marx, busca-se evidenciar que o sistema capitalista mundial é organizado pelas forças imperialistas para garantir o sentido periferia-centro dos fluxos globais de valor ao longo dos ciclos de acumulação e que, por isso, os países periféricos não encontram meios para superar o subdesenvolvimento nos limites da lógica reprodutiva do capitalismo mundial. A “lei de ferro” é prova do sucesso da organização imperialista. Nesse sentido, a ascensão chinesa aparece como “laboratório histórico” que ilumina mecanismo fundamental daquela lei: a subsoberania estrutural dos países periféricos. O trabalho tem objetivos sequencias: inicialmente, o movimento que se impõe à organização imperialista (a processualidade contraditória da acumulação) e, posteriormente, a reação das grandes potências a esse movimento: apresenta-se, então, o imperialismo como condução-organização do sistema mundial em resposta às condições concretas daquela processualidade. Para tanto, foram estabelecidos os seguintes objetivos específicos: evidenciar o caráter territorializado da geração de valor em contraste com a possibilidade de apropriação em qualquer território; demonstrar que os Estados atuam diretamente para promover os ajustes necessários à superação das inevitáveis crises de superacumulação de acordo com suas posições na hierarquia sistêmica; demonstrar que a subsoberania dos países dependentes é consequência “natural” do movimento do capital e alicerce fundamental da organização imperialista; apresentar o imperialismo como “condução em resposta”: condução-organização do sistema mundial em resposta à dinâmica contraditória da acumulação; apresentar a dependência como a materialização da organização imperialista e que, assim sendo, os principais mecanismos de extração de valor variam ao longo dos ciclos de acordo com a “condução em resposta”; demonstrar que as reformas chinesas se iniciam em momento conveniente para o capital (superacumulado) e que o país evita a instalação de algum tipo de capitalismo dependente, ou seja, evita a “lei de ferro” porque mantém em sua formação social elemento estranho ao metabolismo reprodutivo do capitalismo mundial, a saber: ampla capacidade de exercer sua soberania, apesar do relativo atraso das forças produtivas. Assim, a partir do contraexemplo chinês, confirma-se que as possibilidades de desenvolvimento não são encontradas nos limites da organização do capitalismo mundial.