CULTIVO DE MICROALGAS PARA REMOÇÃO DE CONTAMINANTES E SIMULTANEA PRODUÇÃO DE BIOMASSA COM POTENCIAL BIOENERGÉTICO
Biogeoquímica, ficoremediação, efluente agroindustrial, poluentes tóxicos, bioenergias
No âmbito atual da bioeconomia circular, os cultivos de microalgas desempenham um papel fundamental no aproveitamento de nutrientes e material orgânico presente em efluentes industriais e agroindustriais. As microalgas podem ser eficientes na remoção de compostos tóxicos como Hidrocarbonetos Aromáticos Policíclicos (PAHs, pelas suas siglas em inglês). Além da remoção de poluentes, o cultivo de microalgas em efluentes também pode resultar na produção de biomassa com potencial para geração de biohidrogênio. O bio-hidrogênio é uma fonte de energia renovável que pode ser obtida a partir da gaseificação da biomassa das microalgas. Por tanto, a presente pesquisa avaliou a eficiência de remoção de PAHs, presentes em efluentes da indústria (água produzida de petróleo - OPW, pelas suas siglas em inglês) e da agroindústria (água de efluente avícola - PEW, pelas suas siglas em inglês), por meio do cultivo de microalgas em fotobiorreator Airlift, assim como a produção de biomassa com potencial bioenergético após a remoção. Foram realizados quatro cultivos em mesoescala: Controle, sem presença de PAHs - Água do mar (SW) 100% + meio Conway; Tratamento A - PEW 50% + OPW 50%; Tratamento B - PEW 50% + SW 50%; e Tratamento C - OPW 50% + SW 50% + 80 mL de meio Conway + 11,20 g de K2PO4 + 1,50E-2 g de NaNO3. Após a realização dos cultivos, encontrou-se que, a maior eficiência de remoção de PAHs (90,94%) foi obtida no Tratamento C (OPW 50% + SW 50%). Esse tratamento foi realizado com bioestimulação por adição de NO3 e PO4. Os PAHs de baixo peso molecular foram removidos com maior eficiência, sendo que o naftaleno teve a maior porcentagem de remoção (98,63%), seguido do fluoreno (91,58%). A segunda maior remoção de PAHs foi observada no Tratamento A (82,32%) (PEW 50% + OPW 50%). Nesse tratamento, o naftaleno e o fluoreno também foram os compostos removidos em maior proporção (98,23% e 96,07%, respectivamente). Em relação à produção de biomassa, a maior quantidade foi obtida no Tratamento C (393,2 mg L-1 ), seguida pelo Tratamento B (317,66 mg L-1 ), enquanto a menor quantidade foi observada no Tratamento A (208,10 mg L-1 ). A pesquisa demonstrou uma estratégia eficiente de remoção de PAHs presentes em efluentes industriais e agroindustriais, com produção simultânea de biomassa de alto valor agregado.