Banca de DEFESA: ANA GABRIELA LIMA BISPO DE VICTA

Uma banca de DEFESA de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : ANA GABRIELA LIMA BISPO DE VICTA
DATA : 02/06/2022
HORA: 14:00
LOCAL: https://us02web.zoom.us/j/83142270129?pwd=ZEJuOGZJaFgvUkF2UUNVN1lnOVc0dz09
TÍTULO:

Uma etnografia de um serviço extra hospitalar a mulheres em situação de abortamento “humanizado” em uma maternidade pública do nordeste brasileiro


PALAVRAS-CHAVES:

Aborto; aborto espontâneo; saúde da mulher; humanização da assistência; telemonitoramento; profissionais de saúde


PÁGINAS: 222
RESUMO:

Trata-se de uma etnografia sobre o Programa Atenas - serviço contra hegemônico (ao modelo vigente nacional) e “humanizado” de atenção a mulheres em situação de abortamento (provocado ou espontâneo), de uma maternidade pública do nordeste - e os sujeitos envolvidos (participantes e profissionais) na iniciativa. A literatura científica aponta que o modelo de atenção ao abortamento proposto pela Norma Técnica ministerial de 2005/2011 não está sendo acatado pelos serviços de saúde. Há ênfase no componente técnico, desvalorização da relação profissional-usuária, pouca participação das mulheres nas decisões acerca da sua saúde sexual e reprodutiva, e negligência do planejamento reprodutivo. Diante desta problemática, o Programa Atenas surge como uma proposta alternativa a tal modelo. Norteado por princípios da humanização e pela referida norma técnica, o Programa Atenas propunha uma abordagem multiprofissional (intra e extra hospitalar) às mulheres em situação de aborto na maternidade estudada. Entre julho e setembro de 2018, além da observação participante, foram aplicadas entrevistas semiestruturadas com 16 integrantes do programa e 35 profissionais da instituição, dos quais 10 eram na equipe nuclear do “projeto”. Para as participantes, além da oportunidade de elaborar sentimentos relacionados ao abortamento, a iniciativa oportunizou a sua finalização de forma mais demorada, porém segura, discreta, no domicílio, sem retirá-las do convívio familiar e com menos impactos na gestão da sua rotina social e laboral. Ao mesmo tempo, a não resolução imediata do abortamento, característica dos métodos propostos pela iniciativa, evidenciou nelas o medo da infecção e da morte devido à permanência do “feto morto na barriga”. Neste contexto, muitas sofreram pressão da sua rede de apoio próxima pela curetagem uterina. Do ponto de vista dos profissionais, o Programa Atenas representava uma estratégia de cuidado humanizado a estas mulheres que, frente às demandas de gestantes e neonatos, tinham pouca oportunidade de serem assistidas durante a internação. Os integrantes da equipe nuclear enalteceram o telemonitoramento das enfermeiras e a abordagem multiprofissional, que incluía o atendimento psicossocial - peculiaridades estas favoreciam à atenção individualizada, ao vínculo com as participantes, e à autonomia da mulher. Para os profissionais da instituição, o Programa Atenas ajudava na rotatividade de leitos obstétricos, na redução de custos hospitalares e na desmistificação da curetagem uterina compulsória. Contudo, observou-se que o Programa Atenas era uma iniciativa de implantação recente e frágil, que lutava pela consolidação. Percebeu-se ainda o silenciamento sobre o aborto provocado. Ao transformar simbolicamente todas as participantes em “mães” que perderem um “filho”, o Programa Atenas oferecia às mulheres em situação de abortamento espontâneo um espaço para elaboração de sentimentos e, àquelas que o induziram, proporcionava uma proteção moral e a oportunidade de acessar o cuidado integrado. Este silenciamento também evitava que os profissionais confrontassem seus dilemas pessoais sobre o assunto e não esbarrassem no propósito profissional de “salvar vidas” – tendo em vista que, no contexto social brasileiro e na área da saúde, a vitalidade fetal ainda é soberana ao bem-estar da mulher. Face a incipiência de iniciativas de melhoria da atenção ao abortamento às mulheres, analisar esta experiência foi relevante.


MEMBROS DA BANCA:
Externo à Instituição - ALBERTO PEREIRA MADEIRO - UESPI
Presidente - 1678241 - CECILIA ANNE MCCALLUM
Interna - 405.836.197-20 - ESTELA MARIA MOTTA LIMA LEAO DE AQUINO - UFBA
Externa à Instituição - GREICE MARIA DE SOUZA MENEZES
Externa à Instituição - LEILA ADESSE - Fiocruz - RJ
Notícia cadastrada em: 23/05/2022 19:21
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