A multiplicidade da síndrome congênita do Zika.
Síndrome congênita do zika; Realidades Múltiplas; Famílias; Práticas; Cuidado.
No final do ano de 2015, o nascimento de crianças cujo corpo apresentava um funcionamento que não correspondia aos padrões conhecidos e considerados normais em cidades do nordeste brasileiro, chamou a atenção de todo o mundo. Um fenômeno inédito que traz na sua gênese questões de saúde, sociais, políticas e econômicas e que provocou inúmeros desdobramentos, mobilizando diversos agentes. Este trabalho teve como objetivo principal explorar os modos de atuação do que se promulgou chamar, em termos biomédicos, de Síndrome Congênita do Zika (SCZ). Neste percurso, foram adotados pressupostos das Novas Abordagens de pesquisa e produção de conhecimento das Ciências Sociais da Saúde, a partir da Teoria-AtorRede, embasados principalmente nos trabalhos da etnógrafa Annemarie Mol. Utilizando-se do conceito de realidades múltiplas, partiu-se de práticas de famílias que participaram de um projeto de intervenção que teve como objetivo ampliar o conhecimento e as habilidades de famílias de crianças diagnosticadas com a scz. A partir de práticas articuladas ao trabalho de campo, foram identificadas versões múltiplas da doença e as interconexões entre suas performances nas quais as diversas síndromes congênitas do zika foram sendo produzidas e distribuídas de variadas formas, em diversos contextos, resultando em realidades distintas.