Concentração sérica de vitamina D ao nascer e marcadores de risco cardiometabólico em adolescentes: um estudo de coorte de nascimento
Vitamina D, marcadores de risco cardiometabólicos, nascença, adolescência, estudo de coorte.
A vitamina D tem sido recentemente associada a ocorrência dos marcadores de risco cardiometabólicos na infância e na adolescência. E, assim esta relação tem se deslocado exclusivamente da saúde adulta e se voltado também para estes ciclos de vida. E, no atual estágio do conhecimento, as evidências científicas indicam que alguns destes marcadores, têm instalação precoce na vida do indivíduo e se perpetuam nos ciclos posteriores da vida. Assim, este estudo busca contribuir com o conhecimento da variação da concentração dos marcadores de risco cardiometabólicos na adolescência utilizando-se do desenho de coorte de nascimento, envolvendo 257 indivíduos. As amostras do soro dos dois momentos do seguimento foram acondicionadas em freezer -70ºc. Foram realizados testes de validação da qualidade das amostras armazenadas na primeira onda, os quais atestaram a validade para o uso neste estudo. Para estimar a variação média entre os níveis da vitamina D ao nascer e na adolescência (variável de exposição principal) sobre as variáveis respostas ao longo do tempo [(glicemia, perfil lipídico e homocisteína e a variável antropométrica (IMC)], utilizou-se a técnica da Equação de Estimação Generalizada (GEE), adequada para dados longitudinais e respostas contínuas. Adotou-se a significância de p<0,05 para aceitação das associações investigadas. Resultados: A prevalência da concentração insuficiente de vitamina D foi observada em 53,7% dos adolescentes e a média da vitamina D sérica foi de 29,98 ng/ml (DP= 8,75 ng/ml). Resultados da GEE indicaram que a cada 01 unidade de ng/ml de mudança na concentração sérica de vitamina D (coeficiente β), imprimia variação de 01 unidade nos valores médios correspondentes dos marcadores de risco investigados, mantendo fixas as demais variáveis no modelo. Assim, pode ser interpretado que a diminuição de 01 unidade de ng/ml na concentração sérica de vitamina D (β), aumentava os valores médios séricos dos marcadores de risco investigados, mantendo fixas as demais variáveis no modelo. E, foram identificados coeficientes (β) negativos para o Colesterol total (β= -0,5878986; p= 0.031); para o LDL colesterol (β= -0,5129865; p= 0,018); para o Triglicérides (β= -2,105951; p= 0,000). E, o aumento em 01 unidade de ng/ml no coeficiente (β) da concentração da vitamina D, aumenta em média os respectivos valores estimados para o HDL colesterol (β= 0,1904087; p=0,027), para a Homocisteína (β= 0,0949827; p= 0,038) e para a Glicose (β=0,2367076; p=0,026). E identificou-se também associação positiva entre a concentração de vitamina D e variação do índice de massa corpórea (β=0,0544771; p=0,001). Na avaliação do objetivo secundário deste estudo, os resultados da análise de regressão linear multivariada, indicaram que a concentração da vitamina D do cordão se associou positivamente com os marcadores de risco cardiometabólicos, colesterol total, HDL colesterol, LDL colesterol e triglicérides ao longo do seguimento. Enquanto a associação negativa e significativa desta relação foi observada somente para a homocisteína. Neste nível da análise nenhuma influência foi identificada para a glicose. E, a associação negativa e significante da concentração da vitamina D na adolescência foi observada para os marcadores cardiometabólicos colesterol total, HDL colesterol, LDL
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colesterol e Triglicerides e positiva com para os níveis da homocisteína e da glicose ao longo do tempo. Conclusão: Os resultados da GEE, indicaram que a cada variação média de ng/ml de vitamina D, mantendo fixas as demais variáveis no modelo, alteraram negativamente os marcadores de risco cardiometabólicos; Colesterol total (β= -0,5878986; p= 0,031); LDL colesterol (β= -0,5129865; p= 0,018); Triglicérides (β= -2,105951; p= 0,000). E, foram observadas relações positivas com os seguintes marcadores de risco HDL colesterol (β= 0,1904087; p=0,027), para a homocisteína (β=0,094982 p= 0,033) e para a glicose (β=0,2367076; p=0,026). Para cada variação média de ng/ml de vitamina D ao longo do seguimento observou-se aumento nos valores médios em 0,0544771 unidades de IMC (p= 0,001). Na avaliação do objetivo secundário deste estudo, utilizando a regressão linear multivariada, observou-se que os níveis da concentração da vitamina D ao nascer mostrou-se positiva, imprimindo aumentos nos níveis médios da concentração dos marcadores de risco cardiometabólicos colesterol total, HDL colesterol, LDL colesterol e triglicérides ao longo do seguimento. A vitamina D do cordão interferiu negativamente nos níveis médios de homocisteína, aumentando assim a concentração sérica deste marcador. E não interferiu significantemente nos níveis médios da glicose sérica ao longo do tempo. Os resultados desta análise indicaram também que na adolescência a concentração sérica dos níveis de vitamina D teve associação negativa e significantemente com o aumento dos níveis de colesterol total, HDL colesterol, LDL colesterol triglicérides ao longo do seguimento. Enquanto o impacto sobre homocisteína revelou-se positivo e significantemente associada com a diminuição da concentração sérica destes indicadores. Para relação entre a concentração de vitamina D e o índice de massa corpórea (IMC) houve aumento deste indicador ao longo do seguimento. A avaliação da predição da concentração da vitamina D ao nascer ou na adolescência parece não predizer isoladamente a variação dos marcadores de risco cardiometabólicos ao longo deste período da vida.