O trabalho interprofissional na configuração da rede de atenção materno-infantil: uma revisão integrativa de literatura.
Relações interprofissionais, Práticas interdisciplinares, Saúde maternoinfantil, Política de Saúde.
O cuidado materno-infantil é permeado por cruzamentos de diferentes sujeitos, constituídos por uma multiplicidade de valores que envolve mulheres, família, movimentos sociais, de gênero, igreja, estado e outros. A assistência à mulher e à criança no âmbito do Sistema Único de Saúde ainda é um processo em construção, com vistas à mudança de paradigma do modelo centrado na doença para um modelo com foco em redes. Nesse sentido, o avanço para uma atuação colaborativa interprofissional é central para dar conta da complexidade do cuidado. Diante deste cenário, este estudo tem como objetivo geral analisar as contribuições do trabalho interprofissional na configuração da rede de atenção materno-infantil, no contexto brasileiro. Trata-se de estudo um estudo de revisão integrativa de literatura. A pesquisa teve como fonte de dados estudos selecionados nas bases de dados Scientific Electronic Library Online (Scielo Brasil), Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e Portal de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) do Ministério da Educação. Os dados foram analisados em duas etapas: a primeira delas, a análise bibliométrica e a segunda etapa, onde foi realizada análise qualitativa dos estudos. Os resultados foram organizados em três categorias: contribuições do trabalho interprofissional para a rede de atenção materno-infantil; desafios experenciados pelos profissionais e serviços na efetivação do trabalho interprofissional e colaborativo e por fim, a identificação das principais estratégias potencializadoras do trabalho interprofissional na rede de atenção. Conclui-se que, de modo geral, o trabalho interprofissional e as práticas colaborativas, tornam o cuidado prestado às mulheres inseridas na rede de atenção mais resolutivo e global. Os estudos revelaram desafios para a atuação profissional colaborativa, como o predomínio do modelo médico-centrado na formação profissional, a ênfase nos procedimentos mediados por tecnologias duras, a medicalização dos processos relacionados aos ciclos de vida, a rotatividade das equipes e a fragilidade nos processos de comunicação, além de desafios institucionais. Para além dos desafios, os estudos também apontaram estratégias potencializadoras para o trabalho colaborativo como a articulação ensino-serviço, a atuação de atores estratégicos, grupos de educação em saúde, reuniões de equipe e os colegiados gestores, além de ferramentas de integração entre os serviços como o prontuário eletrônico. Por fim, a colaboração interprofissional se mostrou um recurso fundamental na construção de ações coletivas, por meio de abordagens humanizadas, horizontalizadas e reflexivas, em especial em momentos tão significativos da vida, como a gestação, parto e puerpério.