Banca de DEFESA: WILER DE PAULA DIAS

Uma banca de DEFESA de MESTRADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : WILER DE PAULA DIAS
DATA : 18/03/2024
HORA: 14:00
LOCAL: Sala 05 do Instituto de Saúde Coletiva da UFBA
TÍTULO:

PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA EM SALVADOR/BA: PERFIL OCUPACIONAL E PREVALÊNCIA DE ACIDENTES DE TRABALHO


PALAVRAS-CHAVES:

Inquérito Epidemiológico; População em Situação de Rua; Vigilância em Saúde do Trabalhador; Saúde Ocupacional; Acidentes de Trabalho.


PÁGINAS: 101
RESUMO:

Introdução: Pessoas em situação de rua (PSR) formam um grupo vulnerável que, ao longo da história, tem enfrentado condições de pobreza, falta de moradia adequada e privação de direitos sociais. Frequentemente, no Brasil, PSR são do sexo masculino, negros, com baixa escolaridade e em idade produtiva. Com pouco ou nenhum tipo de auxílio social ou fonte formal de renda, para sobreviver, recorrem a algum tipo de atividade econômica, habitualmente referido como “corre”. O corre pode ser considerado como qualquer tipo de atividade laboral que gere renda e garanta subsistência, suprindo necessidades urgentes, quase sempre, de alimentação e higiene. Porém, essas atividades são, frequentemente, realizadas em condições insalubres, com jornadas exaustivas, múltiplas exposições a agentes físicos, químicos, ergonômicos etc., representando riscos à saúde e a ocorrência de acidentes de trabalho (AT). No país, ainda são limitadas informações sobre o perfil laboral, processo de trabalho, frequência de AT e consequências para a saúde da PSR. Essas lacunas de conhecimentos dificultam a formulação de políticas públicas, especialmente de capacitação profissional, que possam mitigar os desafios diários enfrentados por quase 236 mil pessoas que atualmente encontram-se em situação de rua no Brasil. Objetivo: Descrever o perfil sócio-ocupacional, a prevalência de acidentes de trabalho e os fatores associados entre pessoas em situação de rua de Salvador/BA, 2021 a 2022. Metodologia: Estudo epidemiológico observacional de corte transversal, com uma amostra de PSR por conveniência, idade ≥18 anos, em logradouros públicos ou abrigadas em unidades de acolhimento do município de Salvador/BA, com coleta de dados entre setembro de 2021 a fevereiro de 2022. Participaram, no total, 529 indivíduos, selecionados a partir de quatro espaços geográficos municipais (Distritos Sanitários), selecionados pelo histórico de elevada concentração de PSR e alinhados com a estrutura das equipes de consultório na rua municipal. Foram aplicados, individualmente, questionários estruturados, por uma equipe de entrevistadores, com uso de celular e tablet, utilizando software REDCap. Além do conjunto de variáveis sociodemográficas, ocupacionais, dentre outras, os participantes foram questionados sobre histórico de AT, utilizando a pergunta: "Você já teve algum acidente de trabalho?" como indicador do desfecho. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto Gonçalo Moniz da Fundação Oswaldo Cruz (IGM/Fiocruz), protocolo nº 42517021.0.0000.0040, atendendo as resoluções 466/12 e a 510/16, e todos os participantes consentiram e assinaram o TCLE. Inicialmente, foram realizadas análises descritivas do perfil demográfico e ocupacional, além das prevalências de AT. Na análise bruta, foram calculadas Razões de Prevalência (RP), intervalos de confiança de 95% (IC95%) e identificadas possíveis associações por meio do Teste Qui-quadrado de Pearson. Na análise multivariada, aplicou-se regressão Quase-Poisson, considerando variância robusta e procedimento de stepwise para ajustes do modelo, controlando multicolinearidade e vieses de confusão. Adotou-se um valor de p <0,05 para interpretação dos resultados. A construção, organização e limpeza do banco de dados, bem como a condução das análises estatísticas, foram realizadas utilizando o software RStudio, versão 4.2.3 (x64). Resultados: O perfil sociodemográfico e ocupacional predominante correspondeu a homem cisgêneros (70,9%), negros (91,6%), sem estudo ou ensino fundamental (73%), que desenvolviam atividades de catação (30,9%), vendas (28,3%) e serviços gerais (20%). Dentre os entrevistados, a frequência de estarem realizando corre variou entre 66,7% e 95,8%, dependendo da categoria analisada. Surpreende que, quando perguntados sobre estarem trabalhando, essa variação foi bem menor, entre 12,0% e 45,2%. Quanto ao desfecho, acidente de trabalho, a prevalência geral foi de 31,4%, com associação estatisticamente significante para faixa etária ≥50 anos (RP: 1,13; IC95%: 1,03-1,25), trabalhar ≥13h/dia, (RP:1,11; IC95%: 1,01-1,23) e ter sofrido violência durante o "corre" (RP:1,17; IC95%: 1,09-1,25). Conclusões: Foram identificadas baixas frequências de PSR que reconhecem suas atividades como "trabalho", chamando-as apenas de corre. Os grupos com maiores probabilidades para sofrerem AT estão representados por pessoas com idade ≥50 anos, trabalhando ≥13h/dia e que afirmaram ter sofrido violência durante o trabalho. Há falta de reconhecimento da violência interpessoal como um AT, conduzindo a vulnerabilidade ocupacional. Além do reconhecimento das atividades das PSR como trabalho, são necessárias capacitação, oportunidades formais, e políticas para reinserção social/profissional, visando redução do tempo em situação de rua.


MEMBROS DA BANCA:
Presidente - 3145830 - CLEBER CREMONESE
Externo ao Programa - 1224175 - FERNANDO RIBAS FEIJO - nullInterna - 1226136 - JOILDA SILVA NERY
Interna - 2058901 - KIONNA OLIVEIRA BERNARDES SANTOS
Notícia cadastrada em: 15/03/2024 12:19
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