Banca de DEFESA: LUDMILA DE NERES SOUZA

Uma banca de DEFESA de MESTRADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : LUDMILA DE NERES SOUZA
DATA : 26/10/2023
HORA: 09:00
LOCAL: https://us02web.zoom.us/j/82269901206?pwd=bG9udDhaTHFjTVFGcTRLaDhETk9udz09
TÍTULO:

Percepção comunitária sobre problemas ambientais e saúde em territórios quilombolas na Ilha de Maré: Uma perspectiva racializada


PALAVRAS-CHAVES:

Meio Ambiente. População Quilombola. Percepção. Racismo. Saúde.


PÁGINAS: 71
RESUMO:

A discussão sobre problemas ambientais vem crescendo ao longo de décadas a partir dos movimentos ambientalistas e ganha força, sobretudo, com o entendimento de que é imprescindível conciliar o desenvolvimento econômico com os cuidados com a natureza. No Brasil, as injustiças socio-raciais decorrentes da escravização endossaram a necessidade de aprofundar a discussão sobre racismo ambiental no país, correlacionando o racismo com a pobreza. Essa correlação é compreendida através da discussão sobre “centro-periferia” do sistema capitalista, que expõe uma organização de exploração de países e regiões subdesenvolvidas em prol da expansão espacial da indústria do centro econômico para a periferia. O território dos povos quilombolas, é um exemplo pois além da luta incessante pela demarcação das terras, os seus territórios são amplamente explorados, gerando graves consequências físicas e subjetivas. Este estudo então pretende colaborar com a produção de conhecimento sobre os desafios ambientais enfrentados pela população quilombola, compreendendo o significado que um território ancestral possui para os quilombolas da Ilha de Maré. Tem como objetivo analisar, sob uma perspectiva racializada, as relações entre problemas ambientais, racismo e condições de vida e saúde em três comunidades quilombolas localizados no território de Ilha de Maré, a partir da percepção dos/as moradores. Trata-se de um estudo qualitativo, que lançou de entrevistas semiestruturadas observação (de forma complementar) com registro em diário de campo e realizada nas comunidades quilombolas de Ilha de Maré. Foram incluídas na pesquisa, pessoas maiores de 18 anos; com vinculação ativista ou não; tanto do sexo feminino como do sexo masculino considerando as possíveis diferenças de narrativas dos pescadores e das marisqueiras. Foram sete pessoas entrevistadas, sendo cinco mulheres e dois homens com idade entre 18 e 63 anos e todos os preceitos éticos envolvendo pesquisas com seres humanos foram respeitados. As entrevistas foram gravadas, transcritas e a análise foi realizada sob a luz da Antropologia Interpretativa das Culturas, compreendendo o contexto em que as narrativas foram extraídas e estão situadas. Foram construídas duas categorias de análise: 1) Problemas ambientais no espaço territorial quilombola: percepções da comunidade; 2) Imbricações entre racismo, problemas ambientais e processos de adoecimento. Os entrevistados relataram possuir uma dinâmica muito positiva com o espaço territorial da Ilha de Maré já que a ilha transcende o aspecto de beleza e atua como lugar de sobrevivência, sendo o local que além de ser fonte de alimento, também é de onde eles provêm seu sustento. Contudo, as contaminações vêm deteriorando o ambiente ecológico já que é perceptível a implicação dos problemas ambientais no ar, na fauna e flora marítima e terrestre, gerando um impacto socioeconômico para os quilombolas. É evidenciada nas entrevistas, a exploração maciça do território pelos fixos privados sem retorno positivo para as comunidades. Foi exponenciado pelos moradores, os processos de adoecimento que as contaminações geraram, como problemas respiratórios, de pele e alterações nos exames referente a presença de componentes químicos. Alguns entrevistados contam em seus discursos, o simbolismo do território e a subjetividade ancestral que envolve, mesmo que de 7 forma inconsciente e já estremecida para alguns, a tradição entre a relação da natureza, saúde e espiritualidade como parte de suas identidades. A percepção dos sujeitos frente à invisibilidade do bairro diante das empresas exploradoras e principalmente do Estado, que apesar de denúncias realizadas continua indiferente aos problemas de saúde da comunidade, revela o racismo institucional como o maior problema que os moradores enfrentam.


MEMBROS DA BANCA:
Interna - 2570813 - CLARICE SANTOS MOTA
Presidente - 1273026 - LENY ALVES BOMFIM TRAD
Externo ao Programa - 2862095 - MARCOS VINICIUS RIBEIRO DE ARAUJO - null
Notícia cadastrada em: 24/10/2023 14:29
SIGAA | STI/SUPAC - - | Copyright © 2006-2024 - UFBA