A transversalidade do gênero nos estudos e investimentos do Banco Mundial: uma análise dos relatórios “Women, Business and the Law” (2010-2021)
transversalidade de gênero; Banco Mundial; desigualdade de gênero; políticas de desenvolvimento; organizações internacionais.
No contexto das relações internacionais, foram necessárias várias décadas para que o debate em torno do conceito de gênero fosse incorporado pelas instituições internacionais. A IV Conferência Mundial sobre a Mulher (Pequim, 1995) foi um marco nesse processo por definir o princípio da transversalidade de gênero para a agenda internacional e políticas públicas e o empoderamento das mulheres como atrizes centrais das ações políticas. A partir de 1995, a Organização das Nações Unidas – ONU abriu um novo e desafiador horizonte para as instituições internacionais, inserindo a questão da desigualdade de gênero como central nas organizações, agências e fundos internacionais. No entanto, essa mudança não foi incorporada da mesma maneira pelos diversos atores, exigindo mudanças ainda mais profundas em instituições financeiras, tradicionalmente androcêntricas e elitizadas. Esta dissertação tem como objeto compreender de que modo o Banco Mundial, organização financeira criada em 1944, em Bretton Woods, como um dos pilares do pós-Guerra incorporou a dimensão de gênero em suas ações. A pesquisa teve por base a bibliografia especializada, bem como o levantamento e análise dos relatórios Women, Business and the Law, produzidos pelo Banco Mundial durante a última década (2010-2020), para a América Latina e Caribe, tendo como foco o Brasil. Os relatórios avaliam como as leis podem dificultar e/ou impedir que as mulheres ingressem no mercado de trabalho e conquistem sua independência financeira em 190 economias. Apesar da relevância dos relatórios Women, Business and the Law e de outras pesquisas produzidas pela instituição na área do gênero, não está claro como o Banco Mundial aplica esses dados nos processos decisórios de investimentos. A dissertação revelou que as políticas macroeconômicas neoliberais se sobrepõem as novas perspectivas de investimento no combate a desigualdade de gênero, interferindo não só no processo decisório, mas também na formulação e aplicação de ações eficazes e efetivas para a questão de gênero e principalmente no montante a ser investido.