Bases anticoloniais para o ensino histórico-crítico de química: primeiras incinerações
ensino de química; pedagogia histórico-crítica; relações étnico-raciais.
A dificuldade de docentes em química com a implementação do ensino obrigatório de história e cultura africana e afro-brasileira tem sido frequentemente relatada na literatura, suscitando a necessidade do desenvolvimento de teorias pedagógicas que sirvam ao trabalho docente. Nesse sentido, objetivamos, aqui, elaborar princípios pedagógicos com vias de orientar o trabalho de docentes em química no referido ensino nas aulas de química, tentando dar conta dessa necessidade concreta que tem sido relatada na literatura. A produção destes princípios se deu por via de uma pesquisa teórica ancorada no materialismo histórico dialético, lançando mão da história de lutas e os respectivos acúmulos teóricos do movimento negro brasileiro e de uma análise teórica da literatura especializada. Os três princípios são: i) A dimensão histórico-sociológica dos sujeitos concretos do trabalho pedagógico; ii) A forma dos elementos didáticos no ensino de história e cultura africana e afro-brasileira nas aulas de química e iii) O ensino concreto de história e cultura africana e afro-brasileira nas aulas de química como produtor de uma concepção revolucionária de mundo. Eles se ancoram teórico-metodologicamente na pedagogia histórico-crítica e dão encaminhamentos para pensar os sujeitos concretos do trabalho pedagógico a partir de sua história, a contribuição do ensino de química para a formação de um sujeito revolucionário e como consolidar as articulações entre química e história e cultura africana e afro-brasileira na sala de aula. O trabalho suscita um debate para a pedagogia histórico crítica e o campo da educação das relações étnico-raciais, tensionando a multitude de proposições didáticas presentes no segundo, como também a ausência de investigações deste tema no primeiro.