Literatura e políticas literárias: uma leitura crítica do Plano Nacional Biblioteca da Escola (PNBE)
PNBE. Formação de Leitores. Políticas Literárias. Cânones Literários. Literatura e Memória
A partir da compreensão de que a ideia e o valor de literário acolhem definições transitórias, construídos por agenciamentos discursivos que se deslocam em um campo simbólico, e sendo as políticas literárias de Estado uma das principais agentes de promoção e legitimação do campo literário, como a ação do Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE), o objetivo dessa pesquisa é compreender quais constructos literários foram engendrados a partir do PNBE. É possível compreender como o acervo do PNBE contribuiu para fortalecer ou dissolver padrões literários hegemonicamente estabelecidos? Identificar e analisar quais representações literárias e culturais articularam-se como projeto nacional, por meios de documentos oficiais e pela leitura crítica de um dos mais recentes acervos literários, faz emergir os processos de seleção e de exclusão que institucionalizam cânones literários. Sustentados em estudos de Eagleton (2006), Souza (2002), Reis (1992), Lajolo e Zilberman (2004), Dalcastagnè (2012), após a análise dos editais de seleção e da leitura crítica do acervo PNBE Literário 2013, os resultados dessa pesquisa demonstraram que o PNBE esteve dividido em três fases com concepções literárias e políticas distintas, em constante progressão ao longo dos anos, na tentativa de ampliar o campo de legitimação do panorama literário (temáticas, gêneros, autorias, representatividade), superando o calço de uma visão panorâmica restrita, produzida pelos próprios processos de seleção. A pesquisa concluiu que essa disputa do território literário, em um projeto nacional, pode contribuir potencialmente para construção de um imaginário discursivo e de memória cultural literária e coletiva ao longo das gerações de leitores em formação por todo território nacional.