LITERATURA E INTERNET:
Práticas literárias contemporâneas
PALAVRAS-CHAVE: Autoria; Escrita não criativa; Literatura contemporânea; Internet.
Este trabalho destina-se a investigar se algumas obras produzidas no século XXI podem incorporar a lógica dominante dos tempos digitais, bem como seus modos de fazê-lo, considerando que a técnica de cada época pode afetar os modos de produção, difusão e fruição das obras literárias. Reconhecendo que algumas dessas obras passaram a ser produzidas a partir de processos que lembram a forma descentralizada e colaborativa com a qual programadores lidam com softwares open source, ou utilizando gestos corriqueiros entre os usuários da internet (como o copiar e colar), suspeitamos que práticas similares podem ensejar uma lógica peculiar à literatura produzida no presente, nos permitindo pensar em novas configurações para a autoria, a obra e sua fruição. Para alcançarmos esse fim, fundamentamos a pesquisa nas obras de Süssekind (1987), Murray (2003), Laddaga (2012, 2013) e Goldsmith (2015), além de submeter nossa hipótese à análise de algumas produções digitais, a saber: É preciso aprender a ficar submerso (2011), do poeta Alberto Pucheu e da artista visual Danielle Fonseca; Sonata dos espectros [2018], de Cínthia Marcelle et al.; Dois palitos [2013], de Samir Mesquita; Um estudo em vermelho (2009), de Marcelo Spalding; Como piedra y martillo (2018), de Carolina Mendonça; e obras não digitais, como Traffic (2007) e Trânsito (2016), de Kenneth Goldsmith, dublada por Leonardo Gandolfi e Marília Garcia, e Sessão (2017), de Roy David Frankel.