"Brilhando, autor, / como se ele mesmo fosse o poema": o imaginário do corpo na poética de Herberto Helder.
Teoria Literária. Processo de subjetivação. Crítica Literária. Herberto
Helder.
Esta dissertação dedica-se ao estudo d’ O Imaginário do corpo na poética de Herberto
Helder, a partir da leitura dos poemas do livro Ou o Poema Contínuo (2006), do referido
autor madeirense, considerando as categorias de análise: a linguagem; o corpo; o erotismo.
Uma vez que sua linguagem poética visa fundar um mundo utópico, ao invés de executar a
mediação do real, acreditamos, desta maneira, que Herberto Helder aponta possíveis reflexões
sobre algumas transformações estéticas e culturais que marcam a contemporaneidade.
Procura-se analisar a obra do poeta mediante esse fio condutor, tomando como exemplo o
procedimento realizado por Erich Auerbach (1950). Ao analisar a subjetividade dos poemas,
observa-se que autor e obra entram em processo de resistência, assumindo uma postura crítica
da poética moderna. Tais observações estão alicerçadas nos conceitos de Ilegibilidade,
Obscuridade e Resistência, propostos nos estudos críticos de Dal Farra (1986), Guedes (1979)
e Bosi (1977), respectivamente. Além disso, observa-se a culminância dessa linguagem em
um corpo erótico, tal como Georges Bataille analisa (1980). Assim, a poética herbertiana
assina uma performance estética entre palavra e corpo em estado de desconstrução e
construção contínuo, uma espécie de metamorfose erótica em permanente estado de
continuidade com o corpo poético.