A TOPONÍMIA EM SERGIPE: DESCRIÇÃO E ANÁLISE
Toponímia. Onomástica. Núcleos de povoamento. Nomes geográficos. Sergipe.
Esta Tese de Doutorado descreve e analisa os nomes de 464 núcleos de povoamento de Sergipe, de modo a identificar elementos etnolinguísticos, linguísticos e sócio-históricos próprios deste estado por meio da nomenclatura geográfica de cidades, povoados e outros aglomerados urbanos e rurais, compreendendo que os nomes próprios de lugares apresentam-se como receptáculos linguísticos e extralinguísticos da simbiose entre sociedade e natureza e podem retratar aspectos diversos dos grupos denominadores locais. Os topônimos foram coletados em uma base de dados oficial que compõem o Cadastro de Localidades brasileiras selecionadas (IBGE, 201-), codificado pela descrição de dados gramaticais, semântico-etimológicos e enciclopédicos dessa nomenclatura geográfica. Tomados sob os postulados teórico-metodológicos da Onomástica e da Toponímia, este estudo alinha-se aos procedimentos de codificação e análise propostos por Dick (1990a, 1990b, 2004, 2007). Dentre os elementos tratados a partir dos signos toponímicos, destacam-se sua origem linguística, estrutura morfológica e motivação semântica, bem como processos de mudança toponímica. Como resultados da pesquisa, os dados de Sergipe confirmam os argumentos apresentados pelos estudos toponímicos do Brasil quanto ao aspecto etnolinguístico: há uma maciça toponímia em língua portuguesa, seguido por nomes de origem tupi e uma tímida parcela de nomes africanos. O tratamento quali-quantitativo do corpus permitiu verificar tendências onomásticas de natureza física e antropocultural. No primeiro grupo, avultam a motivação toponímica de natureza geomorfológica, hidrográfica e por elementos da vegetação local, sendo esta última a taxonomia mais produtiva do corpus, com 19%. Dentre as taxonomias de natureza antropocultural, provavelmente pelo caráter majoritariamente rural dos topônimos selecionados, avultam os ergotopônimos, que imprimem utensílios da cultura material, os sociotopônimos, que ressaltam o aspecto coletivo das aglomerações humanas descritas, e os nomes de ordem religiosa, notadamente de entidades sagradas católicas, além da memorialização de personalidades de valores sociopolíticos diversos, especialmente referentes a homens e a fatos da historiografia local ou nacional. Os dados georreferenciados permitiram a descrição cartográfica de alguns dados, dos quais se destaca o debate acerca dos exemplos de translação toponímica – shift-names (STEWART, 1954). Os processos de mudança toponímica referentes às cidades de Sergipe também permitiram descrever fatores condicionantes dessas alterações e listar aspectos gramaticais, semânticos e sócio-historicos de diferentes sincronias. Como Apêndices, apresentamos a codificação dos dados, quer em quadros, para os topônimos de aglomerações subordinadas aos municípios (povoados, vilas, projetos de assentamentos), quer em fichas lexicográfico-toponímicas (DICK, 2004) para a nomenclatura dos municípios. Assim, pela filiação epistemológica e pelo tratamento analítico deste estudo, esta tese finca as bases para a constituição futura do Atlas Toponímico de Sergipe.