As Marcas da Rua: experiências decoloniais de consumo no hip-hop
marcas urbanas; consumo; experiência estética; decolonialidade, hip-hop
Esta tese se propôs a investigar três marcas nativas da cultura hip-hop brasileira, Laboratório Fantasma, Chronic e Kace,a partir do uso do conceito de circuito da cultura, de Paul du Gay (1997) e das epistemologias decoloniais.A pesquisa buscou compreender como as marcas de moda urbana criadas por artistas e amantes da cultura hip-hop se comportam tanto no ponto de vista de suas representações, construção de identidade, produção, regulação e consumo. Do mesmo modo, procuramos identificar as experiências de caráter estético e político suscitadas por essas marcas diante dos fãs/consumidores. Para isso, realizamos um mapeamento das matérias publicadas em jornais, revistas e sites, entrevistas, vídeos institucionais, videoclipes de artistas vinculados às marcas estudadas, seus sites e perfis no Instagram e Facebook. Nessas plataformas, observamos as interações, comentários e engajamento dos seguidores. As materialidades expressivas dessas marcas também foram analisadas através das coleções, estampas e modelos das roupas. Todo esse material contribuiu para demonstrar as possibilidades e as potencialidades numa prática de produção e consumo sustentada em valores antirracistas e decoloniais. As performances dessas marcas demonstram o quanto as estratégias adotadas são reguladas por questões de natureza política, social, cultural e econômica. Além de investir em campanhas e projetos sociais, as três empresas questionam e criticam a todo momento o modo como o sistema-mundo colonial funciona e reivindicam a construção de uma sociedade baseada na solidariedade, no respeito à ancestralidade e aos corpos não normatizados pelas racionalidades europeias.