ESCOLA NO/DO CAMPO EM AMARGOSA/BA: trabalho, organização do espaço agrário e desenvolvimento territorial em disputa
Educação do Campo; Escola no Campo; Organização Escolar, Questão Agrária; Agroecologia; Amargosa
Esta tese buscou compreender as escolas e a educação no campo em Amargosa, analisando o contexto histórico e a estrutura social das diversas épocas. Guiamo-nos pela orientação metodológica marxiana, segundo a qual, em última instância prevalecem e se impõe como necessidades as determinações de caráter econômico, o que em nossa análise aponta para o modo de produção capitalista, escravista e de semiservidão sob o qual se desenvolveu o território e o município de Amargosa-BA. O objeto desta pesquisa é a sociedade burguesa de Amargosa buscando compreender sua correlação com as escolas no campo. Para isso propomos como objetivo geral investigar a gênese, desenvolvimento e a sua consolidação, fundada no modo de produção escravo-capitalista e nos sistemas de parcerias (semiservidão), e seus nexos com a organização escolar e a função social das escolas do/no campo a partir dos determinantes históricos, políticos, econômicos e sociais. Demonstramos nesta tese como a classe dominante de Amargosa, em toda sua história, apropriou-se da terra, dos meios e produção e do poder político e se impôs na organização das escolas do campo, primeiro pelos coronéis e posteriormente pela pequena burguesia local. Esses grupos oligárquicos utilizaram, precarizaram, comprometeram a docência no processo de escolarização, os trabalhadores da educação, no mais puro apadrinhamento e clientelismo, e assim, alinhando a escolas aos interesses políticos e ideológicos dos que detém o capital. Essa tese possibilita afirmar que as escolas do/no campo de Amargosa na sociedade de classes estão em permanente disputa. A manutenção ou não das escolas no campo, a organização do espaço agrário e o desenvolvimento territorial pode ser desvelado a partir das determinações históricas. Esta é a principal contribuição da tese, romper com visões idealistas, romantizadas e neutras sobre a escola do/no campo e situá-la no cerne da disputa dos interesses de classes antagônicas – as oligarquias, latifundiários, proprietários rurais e, a classe trabalhadora que defende a reforma agrária popular e a agroecologia.