PERDAS PÓS-COLHEITA DE FRUTAS E HORTALIÇAS: UM ESTUDO DE CASO EM UMA CENTRAL DE ABASTECIMENTO DO BRASIL
perda pós-colheita; abastecimento; sistemas alimentares; segurança alimentar e nutricional; sustentabilidade
A perda de alimentos é um problema com impactos econômico, social e ambiental. Em relação às frutas e hortaliças, as perdas acontecem desde a produção até o consumidor. No Brasil, as perdas pós-colheita de frutas e hortaliças são estimadas entre 30% e 35%. No país, as Centrais de Abastecimentos (CEASA) constituem uma das principais formas de distribuição destes alimentos, sendo registrados elevados índices de perdas. Assim, este estudo teve por objetivo caracterizar as perdas pós-colheita de frutas e hortaliças, na Central de Abastecimento da Bahia, Brasil (CEASA-Bahia). Realizou-se estudo descritivo, com coleta de dados por meio de documentos, junto à administração da CEASA-Bahia, pela aplicação de questionários, junto aos comerciantes, e por observação in loco. Foram entrevistados 132 comerciantes de três categorias de estabelecimentos – bancas, pedras e boxes. Entre estes, mais de 85% não tinham formação para trabalhar com alimentos. As condições infraestrutura e equipamentos, mostraram-se insuficientes e precárias - apenas 22,7% dos estabelecimentos dispunham de pontos de água corrente e 12,9% dos de instalações frigoríficas, o que limitava a higiene dos locais e a conversação dos produtos. Apesar de 56,1% dos comerciantes negarem o fenômeno das perdas, estimou-se uma perda semanal de hortaliças de 26,30 ton e de frutas de 127,4 ton, reconhecendo-se ainda limitações nesta estimativa. Entre as razões apontadas para as perdas, a demora na venda foi a mais indicada, estando associada a também a dificuldades de acesso à unidade e precariedade nas instalações. Não foi possível observar política de prevenção ou redução do problema, registrando-se, apenas, iniciativas tímidas, incluindo a doação para instituições sociais (28,8%) e a redução de preço (6,8%). Os resultados evidenciam um problema grave e sinalizam potencial a ser explorado, com vistas ao estabelecimento de programas para prevenção das perdas de alimentos, com contribuições, sobretudo, na perspectiva da saúde e do ambiente.