Estudo transversal em pacientes críticos acometidos pela COVID-19 em uma unidade de terapia intensiva.
UTI, Resistência, SARS-COV-2; Pacientes hospitalizados; Achados clínicos e laboratoriais
A COVID-19 é uma síndrome respiratória aguda grave causada pelo SARS-CoV-2 e em março de 2020 foi considerado uma pandemia. Neste contexto, um grupo multiprofissional acompanhou e investigou achados clínicos e laboratoriais em busca de informações que acrescentassem nos estudos deste novo vírus. Juntamente com as mudanças nas práticas convencionais de prevenção e controle de infecções, o olhar investigativo adaptou os estudos frente ao atual cenário. O objetivo desse estudo foi descrever o perfil clínico e laboratorial dos casos de pacientes críticos acometidos pela COVID-19, internados em uma unidade de terapia intensiva (UTI), em uso de dexametasona. A metodologia realizada foi um estudo transversal conduzido em pacientes internados na UTI de um hospital referência COVID na cidade de Salvador, Bahia. Sobre os óbitos encontrados, 55% dos pacientes apresentavam diagnóstico de hipertensão, 44% diabetes e/ou em insulinoterapia, 33% histórico de doença cardiovascular (fibrilação atrial e insuficiência cardíaca congestiva) e 22% histórico de acidente vascular cerebral. Alterações na função renal (creatinina) teve o risco relativo considerado significativo. Além disso, dos 22 pacientes listados, 45% (10) apresentaram infecção sanguínea ou pneumonia associada à ventilação mecânica por Acinetobacter baumannii (A. baumannii) em hemoculturas e/ou secreção de aspirado traqueal. Observamos que existe uma correlação moderada entre o tempo de internação e a infecção por A. baumannii (Spearman's ρ; 0,592; p-value<0,005) e uma forte correlação entre o número de dias em ventilação mecânica e a infecção por essa bactéria (Spearman's ρ; 0,740; p-valor <0,001). Esses dados contribuem para a descrição etiológica das infecções por SARS-CoV-2 e sugerem que a medicina laboratorial também pode uma contribuição relevante ao conhecimento científico e de saúde durante o primeiro surto de COVID-19. Os hospitais que recebem esses pacientes podem ser vulneráveis a surtos de organismos multirresistentes, como A. baumannii e vale a pena refletir sobre as práticas assistenciais e operacionais no manejo desses pacientes, principalmente nas medidas de isolamento e restrição.