"O romancista está livre, o biógrafo amarrado": Virginia Woolf e a biografia
Biografia. Ensaios. Virginia Woolf.
A biografia tem tido cada vez mais destaque nos debates críticos contemporâneos, marcados, entre outras
coisas, pelo rompimento cada vez maior das fronteiras que separam os gêneros textuais e literários, por
novos estatutos estéticos e por diferentes concepções de subjetividade e identidade. Diante disto, escolhi
como recorte deste trabalho a crítica do gênero biografia feita pela escritora Virginia Woolf em seus dois
principais ensaios sobre o tema, e a relação do pensamento articulado em tais ensaios com o que ela realizou
em Orlando, livro que tem “uma biografia” como subtítulo. Para tal, faço considerações sobre o gênero
biográfico, analiso os referidos ensaios - The new biography e A arte da biografia – e a relação do
pensamento da escritora no tocante ao campo no qual estava inserida. Em seguida, apresento algumas
críticas contemporâneas do pensamento de Woolf sobre a biografia, analisando, por fim, Orlando. Tal
análise é feita em virtude dos pontos tratados nos capítulos anteriores, tais como: a repercussão das
produções de Lytton Strachey e Harold Nicolson na obra, a mistura de autobiografia com biografia e ficção,
e as quebras de paradigmas não só epistemológicos ou artísticos, mas também de subjetividade, identidade,
gênero e sexualidade.