A CONSTRUÇÃO DA IMAGEM DA MULHER ADÚLTERA EM DOCUMENTOS DA CAPITANIA DA BAHIA
Mulher. Adultério. Manuscritos coloniais. Práticas culturais. Filologia.
Na perspectiva dos estudos filológicos, objetiva-se descrever algumas das características que culminaram na construção da imagem da mulher adúltera, principalmente daquelas que eram reclusas em recolhimentos na América portuguesa, assim como discutir aspectos relativos ao léxico presente nos documentos datados do século XVIII e início do XIX. O estudo foi realizado por meio da crítica filológica aplicada a 05 manuscritos coloniais, por meio dos quais se buscou ampliar o conhecimento das práticas culturais da época, mapeando pedidos para enclausurar esposas, por conta do adultério, que eram feitos por meio de requerimentos, petições, ofícios e cartas enviados à Metrópole, explicando as razões das solicitações. Os documentos analisados pertencem ao Arquivo Histórico Ultramarino, que foram catalogados e disponibilizados de forma online pelo Projeto Resgate Barão do Rio Branco, na Biblioteca Nacional Digital. No estudo de caráter transdisciplinar foram utilizados os pressupostos teórico-metodológicos referentes ao contexto feminino na Bahia colonial (ALGRANTI, 1993; PRIORE, 1994), à edição de documentos (SPINA, 1977; CAMBRAIA, 2005), à história cultural (CHARTIER, 2002), e à lexicografia (BIDERMAN, 1994; BARBOSA,1990; MURAKAWA, 2011), entre outros. A leitura, a interpretação e o desenvolvimento de edição semidiplomática que nortearam a análise corpus, possibilitaram uma observação sistemática de características do léxico que constrói a imagem da mulher, conforme registrado nos documentos, e que será expresso por meio de um glossário, para se chegar a elaborar uma descrição do perfil das mulheres recolhidas por acusação de adultério. Acredita-se que a discussão proposta pode contribuir para ampliar o conhecimento acerca da língua e das práticas culturais do período.