AVALIAÇÃO QUALITATIVA DA LÁGRIMA DOS TETRÁPODES
Análise comparativa; Composição bioquímica; Glicoproteômica; Proteômica; Superfície ocular; Vertebrados
A lágrima é um fluido complexo que desempenha papel na nutrição, estabilidade, proteção e remoção de sujidades da superfície ocular. Existem estudos sobre seus componentes e dinâmica para mamíferos, contudo o conhecimento sobre este fluído em outras espécies é limitado. Os processos evolutivos de adaptação e influências ambientais podem ter induzido modificações sobre a lágrima dos vertebrados, e diferenças quali-quantitativas podem ocorrer, mesmo entre animais filogeneticamente próximos. A partir deste cenário, objetivou-se com esta pesquisa avaliar qualitativamente a lágrima dos tetrápodes (répteis, aves e mamíferos), com o emprego de metodologias inéditas para animais selvagens. O perfil proteico e a composição bioquímica da lágrima de répteis, aves e mamíferos, presentes em diferentes nichos ecológicos, foram avaliados comparativamente com o soro sanguíneo e a lágrima de humanos (fluidos que possuem parâmetros já estabelecidos), e foi obtido que a lágrima dos animais continham os mesmos compostos presentes na lágrima do humano e do soro sanguíneo, em diferentes proporções. Atribuiu-se que a proximidade filogenética, dieta e o ambiente, este último significativamente, influenciam sobre os componentes da lágrima. A partir destes resultados, algumas espécies foram selecionadas, por suas notórias diferenças no perfil eletroforético, para a investigação proteômica da lágrima, sendo elas o gaviões-carijó (Rupornis magnirostris), jacarés (Caiman latirostris) e tartarugas-marinhas (Caretta caretta). As proteínas encontradas, tal como suas características ontogênicas, demonstraram que a composição da lágrima pode ser derivada condições ambientais e estilos de vida dos animais, mostrando-se apta ao complexa adaptação das espécies. Ademais, como importantes polipeptídeos da lágrima estão associados a glicídios, foi realizada a descrição das glicoproteínas presentes na lágrima do gavião e jacaré, onde os resultados mostram maior frequência deste composto para aves, e que possivelmente as glicoproteínas possibilitam maior complexidade ao fluido lacrimal. Mesmo perante a processos metabólicos mais primitivos, percebe-se que são mantidos diferentes mecanismos de estabilização da lágrima. Desta forma, o fluído lacrimal perpassa o que é descrito para os mamíferos e trata-se de um fluido com alto poder de adaptação com a função de manter a homeostase da superfície ocular e consequente função visual.