UMA ANÁLISE DA ATIVIDADE (META)LINGUÍSTICA DA CRIANÇA COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL NO CONTEXTO DA ALFABETIZAÇÃO
Deficiência Intelectual - Escrita - Alfabetização – Metalinguagem
A linguagem escrita pressupõe o outro, que dialogicamente participa dos processos intersubjetivos de escritura, em interlocuções ausentes ou presentes, em que esta experiência é constituída e significada. No coletivo escolar, a apropriação da escrita, desde a sua gênese, se dá de forma problematizada, mobilizando a atenção e a manipulação explícita de ideias, segmentos orais e escritos, buscando a compreensão sobre o seu funcionamento. Por entendermos a relevância desse processo para as crianças com deficiência intelectual, diante das demandas geradas ao seu processo de inclusão na cultura escolar, esta tese foi constituída com o objetivo de compreender o desenvolvimento da atividade (meta)linguística da criança com Deficiência Intelectual, como processo que evolui do plano intersubjetivo ao intrassubjetivo, na apropriação da linguagem escrita. Numa abordagem qualitativa, a pesquisa foi desenvolvida através do método da Análise Microgenética, que pressupõe o estudo da gênese e evolução de determinados processo subjetivos, num âmbito micro, na interação entre o diálogo individual com o coletivo, a subjetividade e o sociocultural, considerando um estudante de 8 anos de uma escola pública da cidade de Salvador. Utilizamos como método procedimental da pesquisa a observação participante, registradas através do diário de campo para escrita das observações, além do registro fotográfico, específico das escritas. Também foram previstas para a etapa inicial as “escritas inventadas” e para leitura dos dados um protocolo de categorias teóricas no intuito de desenvolver a análise numa perspectiva discursiva, nos contextos livres e mediados e dentro do referencial dialógico e sociocultural: Vigotski e Smolka, buscamos analisar a caracterização da atividade metalinguística a partir da consciência fonológica, metatatextual e pragmática descrita por Gombert, Maluff e teóricos psicolinguistas e da linguística, Cagliari e Lemle. Descrevemos e analisamos o processo na etapa inicial, a partir do qual verificamos uma intensa atividade metalinguística por parte da criança com deficiência intelectual, com características e evolução semelhantes às outras crianças, facilitadas principalmente pela interação produzida nesse contexto sobre as escritas. Pudemos refletir quão relevantes se torna uma perspectiva discursiva alfabetização na promoção dos conhecimentos sobre a escrita e outros aspectos linguísticos que caracterizam a vida escolar nas etapas iniciais de aprendizagem da escrita.