Associação entre alterações cardiometabólicas e food craving em discentes e docentes do ensino superior durante o primeiro ano da pandemia da COVID-19
Food Craving; Doenças cardiovasculares; Peso corporal; COVID-19.
Introdução: A pandemia da COVID-19 contribuiu com o aumento da ansiedade e sensação de medo, principalmente, entre as pessoas com alterações cardiometabólicas, uma vez que estas têm maior chance de desenvolverem doença grave quando infectados pelo vírus da COVID-19. Este fato pode ter propiciado a adoção de práticas alimentares restritivas na tentativa de melhor controle metabólico das comorbidades prévias o que poderia levar ao aumento de pensamentos obsessivos ou “fissura” com alimento, chamado de Food Craving. Objetivo: Avaliar se existe associação entre alterações cardiometabólicas e food craving em discentes e docentes do ensino superior durante o primeiro ano da pandemia da COVID-19. Método: Trata-se de um estudo transversal com discentes e docentes de instituições de ensino superior no Brasil. Foram utilizados questionários on-line para obter informações sociodemográficas, alterações cardiometabólicas (presença de diabetes mellitus tipo 2, excesso de peso e hipertensão arterial) e ganho de peso. Para avaliação do food craving foi utilizado o Food Cravings Questionnaires State (FCQ-S). A identificação da associação de interesse foi avaliada pela regressão de Poisson, usando o estimador razão de prevalência (RP) e respectivo intervalo de confiança (IC95%). Resultados: Foi identificado que entre os discentes com hipertensão arterial (RP: 1,56 IC95% 1,11-2,20; p=0,009), excesso de peso (RP: 1,39 IC95% 1,14-1,70; p=0,001) e aumento de peso (RP: 1,46 IC95% 1,19-1,80; p<0,001) houve aumento de food craving, após ajuste por sexo e idade. Entre os docentes, o food craving foi associado com excesso de peso (RP: 1,63 IC95% 1,32-2,03; p<0,001) e aumento de peso (RP: 1,74 IC95% 1,39-2,18; p<0,001), no modelo ajustado. Conclusão: A presença de alterações cardiometabólicas e o aumento de peso ocorrência foram associados ao food craving durante a pandemia. O produto dessa dissertação contribui para a ampliação do debate sobre a relação entre food craving e práticas alimentares restritivas, que geralmente são orientadas às pessoas com alterações cardiometabólicas, uma vez que tais práticas podem acarretar em posterior desequilíbrio na ingestão alimentar, ganho de peso e agravamento de comorbidades preexistentes.