PREVALÊNCIA DE MOLLICUTES EM HOMENS QUE FAZEM SEXO COM HOMENS (HSH) DE 15 A 24 ANOS EM VITORIA DA CONQUISTA, BAHIA, BRASIL
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Pouco se sabe sobre as infecções sexualmente transmissíveis (IST) por micoplasmas em jovens homens que fazem sexo com homens (HSH). O objetivo do estudo foi identificar a prevalência de micoplasmas nos sítios anatômicos e verificar os possíveis fatores de risco para IST em HSH com faixa etária entre 15 e 24 anos do município de Vitória da Conquista, BA, Brasil. Um estudo transversal foi realizado para determinar a prevalência de Mollicutes genitais nos sítios anatômicos oral, uretral e anal, e analisar os fatores associados à prevalência. Para garantir a representatividade, foram utilizadas estratégias de sensibilização com parcerias LGBTQIAP+. O recrutamento se deu pela técnica de amostragem dirigida pelo participante RDS. Para todas as análises, os pesos foram considerados por svy, gerados pelo estimador de Gile’s. As prevalências foram estimadas com (IC95%), teste qui-quadrado com (p<0,05) e foram calculadas as perdas diagnósticas. As associações das variáveis explicativas com os desfechos foram estimadas por razão de prevalência ponderada (RP) e seu respectivo intervalo de confiança (IC95%), por meio de regressão de Poisson. Para todas as análises, utilizou-se o software estatístico STATA versão 15.1. Dos 111 participantes, 106 realizaram coletas em todos os sítios anatômicos. Ureaplasma spp foi mais prevalente (39,8%, sendo 36,8% para U. urealyticum e 4,8% para U. parvum) do que Mycoplasma spp (28,1%, sendo 21,8% para M. hominis e 9,5% para M. genitalium). No geral, a prevalência foi verificada com pelo menos uma infecção em qualquer sítio; o sítio uretral foi o mais prevalente (34,4%), seguido do sítio oral (30,1%) e anal (26,7%). 28,18% dos participantes detectados estavam coinfectados por duas ou três espécies de Mollicutes. A prevalência foi alta em todos os sítios anatômicos, destacando-se U. urealyticum e M. hominis. U. parvum foi mais prevalente no sítio uretral do que M. genitalium, considerado IST emergente. Os fatores com significância associados à presença de Mollicutes foram o sexo transacional (p=0,053), presença de sinal ou sintoma (p=0,004), coinfecção com Chlamydia trachomatis (p=0,075) e discriminação em ambientes de saúde (p<0,001).Para Mycoplasma, houve associação com o uso inconsistente do preservativo (p=0,017), o sexo transacional (p=0,022) e a presença de sinal ou sintoma (p=0,048). Para Ureaplasma, as associações foram sexo transacional (p=0,014), discriminação em ambientes de saúde (p<0,001) e coinfecção com HIV (p=0,003). Além dos comportamentos de risco significantes e a associações com outros microrganismos detectados no estudo, é perceptível que os fatores socioestruturais permeiam nos índices de prevalência das infecções. Protocolos de rastreamento criterioso, terapia adequada, ampliação no aconselhamento das IST e aproximação da educação sexual em grupos jovens são essenciais para o manejo e prevenção dessas infecções, especialmente em HSH.