OSTEOPONTINA E COVID-19: UMA RELAÇÃO DE GRAVIDADE E PROGNÓSTICO DESFAVORÁVEL
COVID-19; Biomarcadores; Osteopontina, Prognóstico
A predição da gravidade e prognóstico na COVID-19 através de biomarcadores confiáveis continua sendo desafiador para a comunidade científica. Este estudo teve como objetivos identificar na literatura evidências da contribuição da osteopontina (OPN) no diagnóstico precoce de gravidade na COVID-19, avaliar a osteopontina como possível preditor de gravidade em pacientes com infecção grave pelo SARS-CoV-2 e identificar sua correlação com citocinas inflamatórias. Foram realizados dois estudos: um estudo de revisão sistemática, realizada entre maio-julho de 2023. Composto por 13 artigos, com total amostral 1.522 participantes adultos e pediátricos, que investigaram a osteopontina como marcador de gravidade, prognóstico, mortalidade e aspectos de imunopatogênese. Os estudos foram realizados na Europa, Ásia e América do Norte, evidenciando uma lacuna na avaliação e caracterização do papel da OPN na COVID-19 em populações de países em desenvolvimento. Os desfechos avaliados indicam que a OPN tem participação na imunopatogênese da COVID-19, identifica diferentes níveis de gravidade e prever prognósticos desfavoráveis. Os pontos de corte da OPN para distinção de gravidade e prognósticos foram distintos e de difícil comparação entre os estudos. Segundo estudo é uma coorte prospectiva, com participantes ≥18 anos, com diagnóstico conformado de COVID-19, internados na UTI de um Hospital Geral da região Nordeste do Brasil. A associação da OPN com os parâmetros clínicos e imunológicos foram realizadas através da regressão de Poisson, com variância robusta e teste de Spearman. O ponto de corte da OPN na admissão para o prognóstico do óbito foi estimado pela curva ROC. Dos 52 participantes, 55,8% eram do sexo masculino e 63,5% tinham 60 anos ou mais. O ponto de corte da OPN na admissão foi de ≥31,0 ng/ml (AUC: 0,743). A OPN elevada na admissão foi associada ao prognóstico óbito (RR:2,31, IC95%: 1,34-3,98), anemia grave (RR:1,67, IC95%: 1,03-2,70) e PCR elevada ≥ 173,5 mg/dL (RR:2,46, IC95%: 1,34-4,52). Os marcadores imunológicos com correlação positiva significativamente associada a OPN na admissão foram IL-1β, IL-2, TGF-β e INF-α. A osteopontina elevada na admissão revelou ser um marcador de prognóstico desfavorável na infecção grave da COVID-19. As assinaturas imunológicas associadas OPN elevada na admissão favorecem a respostas imune do tipo Th1, propicia a migração e ativação de macrófagos e células T e um microambiente receptivo para ações pró-inflamatórias. Conclusão: Foi possível ampliar o conhecimento disponível do comportamento e utilidade da osteopontina como biomarcador na COVID 19, em função da variabilidade da resposta imune em diferentes populações.