APLICAÇÃO DE TÉCNICAS NÃO CONVENCIONAIS DE EXTRAÇÃO PARA OBTENÇÃO DE BIOATIVOS EM TORTA PRENSADA DE SEMENTES DE PRACAXI [(Pentaclethra macroloba (Willd.) Kuntze)]
torta de pracaxi, extração com líquido pressurizado, extração assistida por enzimas, compostos fenólicos, atividade antioxidante
Este trabalho de doutorado objetivou a valorização da torta prensada de semente de pracaxi, subproduto da extração do óleo, através da aplicação de técnicas inovadoras e sustentáveis, alinhadas aos princípios da química verde. A pesquisa concentrou-se na extração de compostos bioativos com atividade antioxidante, visando enriquecer esse resíduo industrial e impulsionar a cadeia produtiva do pracaxi na Amazônia, beneficiando as comunidades locais. A metodologia empregada envolveu uma caracterização abrangente da torta prensada e do óleo residual, incluindo análises composicionais, elementares, minerais. Estrutura microscópica da torta foi examinada por microscopia eletrônica de varredura (MEV), e a espectroscopia de Infravermelho com Transformada de Fourier (FTIR) foi utilizada para identificar grupos funcionais. As propriedades físico-químicas do óleo de pracaxi, incluindo densidade, viscosidade, índice de refração e composição em ácidos graxos, foram investigadas. Foram aplicadas técnicas de extração com líquido pressurizado (ELP) utilizando cinco solventes de diferentes polaridades (propano, acetato de etila, etanol, solução etanólica 75% e água), com dois procedimentos distintos: extração com solvente único (ESU) e extração com dois solventes sequenciais (EDS). A modelagem matemática da cinética de extração com líquido pressurizado foi realizada, utilizando modelos como o spline de duas retas e o de dessorção de dois locais. Foram realizadas a extração assistida por enzimas (EAE) com três complexos enzimáticos comerciais (Celluclast® 1.5L, Pectinex® Ultra SP-L e Viscozyme® L), utilizando água como solvente. Os extratos obtidos foram avaliados quanto ao teor de compostos fenólicos, flavonoides totais e atividade antioxidante (DPPH e FRAP), além de serem investigadas a atividade antimicrobiana contra Staphylococcus aureus e Escherichia coli. Os resultados demonstraram que a torta de pracaxi é uma fonte rica em compostos bioativos, com alto teor de proteína bruta (28,66%) e fibra bruta (16,79%), além de apresentar baixos níveis de elementos potencialmente tóxicos. A análise elementar indicou predominância de carbono (50,50%) e nitrogênio (4,18%), com razões molares típicas de biomassas lignocelulósicas. A ELP mostrou-se eficaz na extração de compostos fenólicos e flavonoides, com solventes polares como etanol-água (EtOH75) apresentando os melhores resultados. O procedimento de extração com dois solventes sequenciais (EDS), que usa propano como pré-tratamento, aumentou a eficiência da extração de compostos fenólicos. A EAE, utilizando enzimas como Pectinex® Ultra SP-L e Celluclast® 1.5L, aumentou a extração de compostos bioativos, com alta atividade antioxidante, superando em alguns casos os resultados obtidos com a ELP. A modelagem matemática da cinética de extração forneceu informações valiosas para a otimização do processo, permitindo identificar os mecanismos de transferência de massa e o tempo ideal de extração. Os extratos obtidos exibiram atividade antioxidante significativa, correlacionando-se com o teor de fenólicos e flavonoides totais, mesmo sem mostrar atividade antimicrobiana nas condições testadas. A pesquisa reforça o potencial da torta de pracaxi como uma fonte sustentável de compostos bioativos, destacando a eficácia das técnicas de ELP e EAE na recuperação desses compostos. A ELP oferece flexibilidade na
escolha de solventes e procedimentos, enquanto a EAE se destaca pela utilização de um solvente ecologicamente correto como a água. Os resultados contribuem para a valorização integral desse resíduo agroindustrial, alinhando-se aos princípios da economia circular e promovendo o desenvolvimento sustentável da região amazônica