Defensoria Pública e o papel da mulher nas carreiras militares: um estudo sobre a representatividade feminina e as iniciativas institucionais voltadas ao tema no âmbito da Polícia Militar do Estado da Bahia, de 2019 a 2022
Mulheres. Polícia Militar. Gênero. Violência institucional. Discriminação. Teto de vidro. Setor público. Defensoria Pública. Liderança
No Brasil, mulheres ingressaram nas carreiras militares por volta de 1950, sendo uma conquista recente na nossa democracia. Na Bahia, a literatura aponta que esse acesso se deu a partir de 1980. Não obstante, persiste um modelo em que não é frequente que mulheres ocupem espaços de maneira expressiva. Tanto do ponto de
vista do acesso quanto do ponto de vista da ascensão é necessário que se avalie em que contexto essa mulher está inserida, abordando o nível de representatividade delas no âmbito da Polícia Militar da Bahia, passados quarenta anos do primeiro ingresso feminino. Por outro lado, a Defensoria Pública, com o advento da LC 80/94,
despontou como instituição voltada à promoção dos Direitos Humanos, figurando a igualdade de gênero como sua bandeira principal. No âmbito da organização interna da Defensoria, assiste-se que a defesa de militares não pode estar dissociada do olhar crítico e dos valores preconizados como fundamentos da razão de ser da Defensoria. Essa é a força motriz para que a limitação no ingresso de mulheres e a baixa representatividade nos postos de comando tenham sido observados e questionados em uma audiência pública voltada para esse fim, no dia 06 de fevereiro de 2020. Assim, o caminho a trilhar aponta para a criação de um Observatório de Violência Institucional de Gênero organizado pela Defensoria Pública com fito de coletar continuamente dados mais precisos sobre a realidade enunciada para embasar as atuações que possam impactar de alguma maneira sobre o panorama posto. O observatório também se prestará a trazer dados da realidade das bombeiras militares, contemplando, assim, as forças estaduais de segurança pública. O presente estudo considera a teoria do teto de vidro (ceillingglass) em Daniela Versola Vaz, Laudicéia Soares de Oliveira, Andreia Valeria Steil e Cristina Tavares da Costa Rocha, sob uma perspectiva epistemológica feminista e propõe-se a ser estruturado no campo de interações cotidianas. Foram utilizados instrumentos do tipo levantamento histórico e conceitual de elementos centrais para o melhor entendimento da estrutura de carreira. Inclui-se o levantamento de dados e o estado da arte para avaliar a atual conjuntura do papel da mulher nessa carreira, no recorte temporal de 2019 a 2022 avaliando-se aspectos legais e constitucionais, e a realização de entrevistas a mulheres do alto escalão militar, para o mapeamento da situação, e como isso repercute para a proposição de criação e estruturação de um Observatório de Violência Institucional de Gênero na Defensoria Pública. A pesquisa aponta para um aumento gradativo de representatividade, por ora mais presente no acesso, já que a ascensão a postos
mais altos é mais lenta.