MARÉ VAZANTE E MARÉ CHEIA:
SENTIDOS E SENTIMENTOS DA CULTURA EM MATARANDIBA
Matarandiba. Práticas comunitárias. Identidade. Desenvolvimento. Diversidade Cultural.
O presente trabalho tem como objetivo analisar as práticas e manifestações culturais de base comunitária organizadas pela comunidade tradicional de marisqueiras (os) e pescadoras (es) em Matarandiba, Bahia, localizada na contracosta da Ilha de Itaparica. Por meio da análise de 12 práticas e expressões culturais, buscou-se compreender como a comunidade se utiliza dessas práticas para se reafirmar e empoderar coletivamente, construindo soluções para realidades que ameaçam a sua existência. Neste sentido, as concepções e ações culturais da comunidade são tomadas como dispositivos simbólicos que revelam rotinas culturais e os impactos experimentados a partir da atuação coletiva. A percepção dos fatos foi sendo construída com suporte metodológico da etnografia o que possibilitou uma maior conexão com os moradores, ampliando o período de convivência e compartilhamento de uma experiência vivida ao longo de oito meses descontínuos. Essa vivência confrontada por um arcabouço teórico contribuiu com a interpretação deste cotidiano registrado no caderno de campo, gerado a partir de observação participante. A organização do calendário festivo, incorporado às práticas, colocou em evidência a maneira como a comunidade está estruturada e seu processo de desenvolvimento somado à conduta econômico-solidária desenvolvida no território. Conectando conhecimentos e práticas vividos, contata-se a metamorfose experimentada por seus moradores a partir daquilo que vem sendo construído, produzido e ressignificado, ultrapassando o olhar projetado nas desigualdades materiais, para fixar-se em um lugar de potência e transformação, atuando na resolução das dificuldades locais.