Tecendo alternativas ao desenvolvimento: como povos indígenas contribuem para repensar o mundo a partir da América Latina
desenvolvimento; envolvimento; alternativas ao desenvolvimento; pluriverso; povos indígenas; Cinturão Verde Guarani
A dissertação objetiva discutir de que maneira os povos indígenas da América Latina permitem repensar o desenvolvimento a partir de seus territórios e de sua práxis cotidiana, ou seja, como contribuições locais podem transformar um fenômeno de caráter global. É uma pesquisa de caráter teórico-empírica que recorreu à revisão bibliográfica de referências indígenas e não indígenas, entrevistas semiestruturadas e um estudo de caso. Apresenta-se o desenvolvimento como um conceito cujas características fundamentais são a universalidade e a unidirecionalidade, o que relega a uma posição subalterna modos de pensar e de viver diferentes dos seus. Em contraposição a essas características surgiram as propostas de alternativas ao desenvolvimento, que almejam o pluriverso, cujo processo de construção se assemelha ao de tecer. Os povos indígenas têm posição protagonista nessa nova tessitura, à medida que seus modos de vida rompem com a divisão entre natureza e cultura que fundamenta o desenvolvimento e propõem o envolvimento como alternativa ao des-envolvimento. Dessa forma, constroem um futuro baseado em tecnologias ancestrais e que não degradam a natureza, como fazem os Guarani na cidade em São Paulo, ao conceberem o Cinturão Verde Guarani, que abraça a metrópole e preza pela convivência de modos de vida radicalmente diferentes dos predominantes na cidade. O caso é representativo do que ocorre com povos indígenas de outros lugares da América Latina, mas guarda especificidades, como qualquer iniciativa que constrói o pluriverso, já que elas se baseiam em territórios com singularidades geográficas e culturais. A pesquisa conclui que a universalidade e a unidirecionalidade são contrapostas na prática pelo cotidiano dos modos de vida indígenas, cujas tecnologias permitem repensar o desenvolvimento, criando alternativas a ele. Além disso, o debate realizado contribuiu para entender as Relações Internacionais como relações entre mundos, mundizar, abrindo os campos da disciplina ao pluriverso.