Insubmissa mulher: Maria Firmina, uma voz feminina negra no contexto da abolição
Palavras-chave: Maria Firmina dos Reis, Decolonialidade, Literatura Negra Feminina, Escrevivência, Interseccionalidade.
Os estudos sobre personalidades históricas que confrontaram o colonialismo, como Maria Firmina dos Reis, são de singular importância no campo dos estudos decoloniais, das disputas por narrativas contra-hegemônicas e das lutas antirracistas. Reis foi uma mulher insubmissa que, no contexto do Brasil oitocentista, trouxe para o centro da sua narrativa mulheres e homens negros, periféricos e indígenas, ou seja, pessoas que estavam à margem dos discursos políticos e do corpus literário brasileiro. Essa pesquisa tem como premissa resgatar a trajetória de Maria Firmina no campo pessoal e da sua produção literária. Nosso objetivo precípuo é demonstrar como, atravessada pela interseccionalidade, Maria Firmina dos Reis foi uma mulher negra, pobre, nordestina, professora e escritora que, de maneira disruptiva, inaugurou a literatura negra feminina, colocando-se frontalmente contra a escravidão. Destarte, escolhemos para análise o romance Úrsula (1859) e o conto A Escrava (1887) onde Maria Firmina representou e compreendeu a sociedade em que viveu no tocante as questões de raça, gênero e classe. A metodologia qualitativa e a revisão bibliográfica serão utilizadas como recursos metodológicos. Livros, periódicos, seminários e palestras que versam sobre a autora e sua produção foram utilizadas como fontes. A conjuntura da Brasil e do Maranhão no século XIX ganham relevo para traçarmos o panorama histórico onde Firmina nasceu, viveu e produziu suas obras. Empreendemos a seleção e análise de diversas imagens conhecidas da autora para discutirmos o racismo e a representação de negros em negras ao longo da história. Sua obra escrevivente, é compreendida como memorável contribuição histórica pois revelam as opressões que estruturam a emergência da nação brasileira.