RETALHOS, COSTURAS E REMENDOS DA MORTE NA LITERATURA NEGROBRASILEIRA
Literatura negro-brasileira. Morte. Religião de matriz africana.
Esta tese é um Opá sagrado que foi tecido pela temática da morte em obras de escritores da literatura negro-brasileira: Torto Arado, do autor baiano Itamar Vieira Junior (2019); Um corpo à deriva: dança, do autor mineiro Edimilson de Almeida Pereira (2020); e O livro preto de Ariel, do autor baiano Hamilton Borges (2021). O objetivo desta tese está pautado na análise dos romances selecionados com ênfase na temática da morte – mais especificamente nas instâncias de pós-morte, nas divindades e na relação entre seres visíveis e invisíveis. Assim sendo, surge uma leitura com dois eixos de análise: o primeiro versa a morte e sua relação com a religião, cujo recorte delimita as religiões de matriz africana e suas cosmovisões acerca da vivência para além deste plano; e o segundo eixo versa a morte e as vertentes religiosas próprias de cada obra literária; além disso, costura-se a questão da necropolítica. A abordagem metodológica é de cunho qualitativo bibliográfico, priorizando autores negros e trazendo um diálogo multidisciplinar entre áreas científicas, amalgamando as elocubrações sobre os romances literários analisados. Para tal, ocorre a construção imagética do Opá sagrado, roupa utilizada no culto ao ancestral masculino no Candomblé e que compõe a ligação entre a leitura das obras com outras áreas do conhecimento. O diálogo produzido com essas obras aborda as especificidades das religiões em cada romance, a relação do âmbito da morte e do pós-morte, como o ancestral se movimenta em cada narrativa e, em determinados momentos, como esses recortes estão alinhavados com a morte que é produzida por instâncias de poder que ditam quem vive e quem morre.