A Bahia de Xavier Marques: branquitude, literatura, raça, nação e moralidade (1899-1931)
branquitude, literatura, raça, nação, moralidade
Esse trabalho de história e literatura se propõe a discutir a branquitude na Bahia entre os anos de 1899 e 1931, tomando como fonte três obras literárias escritas por Francisco Xavier Ferreira Marques – Jana e Joel (1899); O Feiticeiro (1822); As Voltas da Estrada (1931) – . As obras escolhidas para análise permitem notar uma Bahia
composta por uma branquitude múltipla, formada por brancos ricos, brancos empobrecidos e brancos pobres, bem como as tensões que se estabelecem entre o desejo de europeização e embranquecimento e a forte presença de hábitos afro-baianos. Cabe ressaltar que, nesse momento histórico, em que as teorias raciais chegavam da Europa e
eram adaptadas à realidade brasileira passou-se a buscar através da mestiçagem de tipo superior a entrada do imigrante europeu, objetivando embranquecer o tipo nacional. Assim, a questão da branquitude se mostra muito mais complexa do que a identificação dos tipos físicos, pois, a depender da condição social, do gênero e da moralidade atribuída aos indivíduos sua branquitude poderia ser posta em questão. A literatura, como fonte de pesquisa nos permite uma análise acerca de elementos muitas vezes negligenciados pelas fontes oficiais por estarem atrelados às vivências cotidianas de grupos desfavorecidos economicamente.