ORÍKÌ DEPOIS DO ATLÂNTICO: palavra que guarda a memória
Oríkì. Afrodiáspora. Oralitura. Candomblé. Filopoética Ritual Negra
Este estudo objetiva analisar a definição que teóricas e teóricos fizeram a respeito de
Oríkì, especialmente dos Oríkì de Orixá, os quais defino como filopoética ritual negra.
Ao mesmo tempo, pretendo comparar tais definições com o pensamento de guardiãs da
oralitura de terreiro, as interlocutoras desta pesquisa: Ebomi Cici de Oxalá e Equede
Sinha de Xangô. A trajetória metodológica desta pesquisa se deu a partir da perspectiva
da impossibilidade de um distanciamento, sendo eu uma pessoa negra e de Candomblé,
e do meu objetivo de estabelecer diálogos e trocas com as interlocutoras de uma
maneira que não fosse pontual. Trata-se, assim, de investigar a existência e circulação
de Oríkì, além da classificação literária, entendendo-o como fonte documental da
resistência negra na afrodiáspora. Para isso, foi necessário conhecer o que a tradição
oral, resguardada também por essas senhoras, manteve em relação ao tema por meio da
observação participante e da entrevista semiestruturada, de maneira não tradicional,
dada a minha inserção religiosa. Para tal, realizei 1) revisão bibliográfica; 2) descrição e
sistematização da bibliografia levantada; e 3) entrevistas semiestruturadas. A partir de
uma análise preliminar que parte da compreensão de que o campo de estudos acerca de
Oríkì ainda está em formação, pode-se argumentar que a diversidade de definições
encontrada se deve tanto a isso quanto a possibilidade de uma pluralidade constitutiva
desta filopoética ritual negra. Constata-se ainda que as interlocutoras definem Oríkì de
Orixá de maneira mais alinhada às definições de autoras e autores iorubanos, do que
aqueles que se encontram publicados no Brasil.