IALODÊS DE RUA: a experiência e organização política da coletiva Marias em Movimento
organização política
mandata coletiva
Marias em Movimento
Esta pesquisa nasce de um compromisso ético-político construído ao longo de mais de
uma década de atuação junto ao Movimento Nacional da População em Situação de Rua de
Salvador (MNPR/SSA). Compromisso que se enraíza na minha própria trajetória como mulher
negra, periférica e trabalhadora, que encontrou na universidade não um espaço neutro de saber,
mas um campo de disputa por visibilidade, memória e transformação social.
A investigação tem como objetivo compreender as estratégias de enfrentamento e
organização política de mulheres em situação e/ou com trajetória de rua, a partir da experiência
da coletiva Marias em Movimento, grupo que emerge do MNPR/SSA como resposta à
invisibilização histórica das especificidades vividas por essas mulheres. Mais que compreender,
este trabalho busca afirmar as vozes que têm sido sistematicamente silenciadas por uma lógica
patriarcal, racista e higienista que estrutura o modo como o Estado e a sociedade olham – ou
deixam de olhar – para quem vive e resiste nas ruas.
A proposta teórico-metodológica está fundamentada na história oral temática,
privilegiando a escuta de quatro mulheres que atuam na Coletiva Marias em Movimento e
compartilham trajetórias marcadas por múltiplas violações, mas também por potentes formas
de reexistência. Essas mulheres não são objeto desta pesquisa, mas co-autoras de um processo
coletivo de produção de conhecimento, em que suas narrativas desestabilizam leituras
normativas sobre gênero, habitação, cuidado e participação política.