O “eco” das sobrevivências: A formação do olhar antropológico nos Estudos Afro-brasileiros
Palavras-chave: Sobrevivências. Africanismos. Estudos afro-brasileiros. Teoria antropológica.
O presente estudo traçou a trajetória transnacional do conceito de “sobrevivências” – também referido como “africanismos” – que se tornou, na primeira metade do século XX, a noção predominante entre estudiosos para examinar as possíveis evidências da cultura africana no Brasil. Para tal fim, as sobrevivências foram intensamente empregadas, mas pouco discutidas, sorte que lhes acompanha até hoje. O trabalho recupera sua história pregressa até serem incorporadas definitivamente nos estudos afro-brasileiros: suas inflexões teóricas entre as escolas do evolucionismo social, da antropologia cultural e dos primeiros estudos etnológicos sobre as populações negras nas Américas. Tomamos como ponto de partida a obra de quatro pesquisadores capitais que as discutiram, Edward B. Tylor (1832–1917), Franz Boas (1858–1942), Raymundo Nina Rodrigues (1862–1906) e Melville Herskovits (1895–1963) e examinamos os sentidos que cada um desses autores conferiu ao conceito e as continuidades e descontinuidades entre suas linhas teóricas. Com isso, esperamos contribuir para a rediscussão de um conceito que foi caro para a formação da antropologia no Brasil e para desnudar sua influência nos “olhares antropológicos que temos inadvertidamente ou propositalmente herdado” (YELVINGTON, 2006: 40).