ÊLA, MANO! “A BARCA JÁ ESTÁ TOMADA”
A VIDA SOCIAL DE UM MARUJO EM UM CANDOMBLÉ DO SERTÃO BAIANO
O objetivo deste estudo é analisar as relações cotidianas e a convivência entre a comunidade “Povo de Dola” (Vitória da Conquista, Bahia) e entidades espirituais, especialmente Maria Padilha, os Erês e um Marujo, tanto no âmbito das dinâmicas familiares dos descendentes de Vó Dola, quanto nas experiências religiosas do Terreiro de Xangô, candomblé Angola de tradição local. Reverenciado em diversas vertentes das religiões afro-brasileiras, entes “das águas”, como Marinheiros, Pescador, Capitão e Marujos estão presentes em grande parte dos terreiros da região de Vitória da Conquista, mas também de Ilhéus a Bom Jesus da Lapa, além de outras regiões da Bahia e do Brasil. O estudo constitui-se enquanto uma etnografia cuja construção possibilita uma abordagem sobre a “vida social” de uma entidade espiritual em um contexto atravessado pelas diversas formas do racismo na sociedade brasileira. Uma das figuras centrais no terreiro, o Marujo, à medida que vai se adaptando à vida do grupo e de pessoa que o recebe – Mãe Fátima, uma liderança do terreiro –também vai se transformando, para além de uma entidade espiritual, em um agente social, educador, cultural e político a promover a coesão do grupo.