ETNOGRAFIA DA “CENA QUENTE”: DRAMAS, METÁFORAS E MEMÓRIAS DA “FECHAÇÃO” NO CENTRO DE SALVADOR
Etnografia; Cena Quente; Fechação; Centro de Salvador.
Etnografia sobre uma rede de artistas racializados e sexodiversos que compõe a cena underground do centro de Salvador. Inspirado nos estudos multidisciplinares de performance e a partir do significante comum fechação, conjugamos roteiros dramáticos e memoráveis, envoltos numa diversificada teia de signos, que perpassam as identidades performáticas e a vida social destes sujeitos. Para isso, articulo aspectos híbridos e críticos da agência social entre artistas e frequentadores dos redutos gays da Rua Carlos Gomes, em recorte aos bares Âncora do Marujo e Carmem Lounge Bar, da Avenida Sete de Setembro, especialmente o “Território da Fechação” no Beco do Rosário durante as apresentações dos viados de fanfarra no Desfile Cívico de Dois de Julho, e personalidades do Centro Histórico de Salvador que circulam no Pelourinho. Estes atores marcados por estigmas de classe, raça e sexualidade buscam representar alternativas locais e nacionalmente enraizadas de resistência a estas diferentes formas de subalternidade, sendo diferenciados por processos relativos a afirmação identitária e as disputas políticas conformadas desta cena urbana e cultural de Salvador. A partir da perspectiva de campo, compreendo que a “cena quente” ao mesmo tempo que é geradora de talentos, também produz conflitos, contradições e difusamente oscila entre históricos de glória e decadência, efeitos das inequívocas desigualdades estruturais contemporâneas.